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Publicado: Domingo, 17 de julho de 2011

O Talismã

Crédito: Karen Goldsmith O Talismã
Medicine Woman

Ela caminhava pelo deserto da vida, tinha sede de experiência, buscava algo que a despertaria das ilusões e iluminasse seus passos e visões. Seu pai havia dito: “Filha, o talismã, o talismã contem o segredo que matará sua sede e guiará seus passos”. Desde então ela procurava pelo talismã, dia e noite, dunas, povos, livros, pessoas, ordens secretas, feiras, onde imaginava que o encontraria lá estava ela, a primeira da fila.

Depois de muito procurar, procurar e se perder, um choro brota de suas entranhas. Além da sede, havia fome, uma sensação de solidão, como se a bússola da consciência tivesse quebrado os ponteiros, na cabeça um parafuso a menos e a insanidade batesse a porta. As lágrimas se misturavam com a areia quente, joelhos ao chão, mãos no rosto e dor no peito.

Uma velha se aproxima e senta-se ao seu lado. Não diz uma palavra, e a buscadora estava aos prantos. O mistério parecia envolver aquela presença sábia, que reconhecia que cada pessoa possui o seu tempo e jeito de ser. E existem momentos de intensa procura e outros em que a procura precisa ceder.

Depois que ela parou de chorar, a velha, que parecia ser cega, surda e muda retira da cintura um galho e desenha no chão um triangulo com a ponta para baixo e escreve nas pontas “Acreditar em Si”, “Mansidão” e “Humildade”. Desenha um novo triangulo intercalando o anterior com as palavras “Altruísmo”, “Companheirismo” e “Doação”. Forma uma estrela de seis pontas e no centro escreve “Deus”. A velha quebra o galho que havia utilizado para desenha em três partes e planta na areia. Como uma miragem desaparece em poucos instantes.

Ela, a buscadora que tinha sede, que queria a luz, olhava aquele desenho e meditou por dias e mais dias, sempre renovando os traços com receio de que eles desaparecessem. Daquela experiência ela extraiu a seguinte essência:

“O talismã não está em um objeto, na verdade é um lembrete daquilo que a consciência compreende como sendo o certo. Não está na areia e nem nos traços, pode até ser que ele envolva os pensamentos, o peito e se estende pelos braços. Acreditar em si mesmo, mansidão nas palavras, humildade nos atos é a magia de definir qual é o real foco. Elevação dos sentidos, sempre com altruísmo e companheirismo, afinal, nunca se está totalmente sozinho. Retribuir as qualidades herdadas, doar a ação, doação das melhores verdades e capacidades. Pois o centro do talismã é Deus, e no centro de Deus está o ‘eu’.”

Medite, perceba e sinta a essência de seus passos.

Mitakuye Oyasin!
“Por todas as nossas relações!”

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