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Publicado: Segunda-feira, 11 de setembro de 2006

O tabagismo como problema de saúde pública

De perto, apenas enxergamos que não se pode mais fumar na maioria dos lugares públicos conhecidos. Isso parece aos olhos dos fumantes uma penitencia social, uma exclusão de um status quo difundido durante décadas como modelo de auto imagem, beleza, sucesso.

Pois é, a dimensão é outra, bastante desconhecida, mas o mundo se une para evitar 4 milhões de mortes anuais relacionadas ao consumo do tabaco.

A política pública de combate ao consumo de tabaco está como prioridade nas políticas de controle de drogas e redução de danos. É de longe a droga mais consumida no mundo, por conta do espaço conquistado pela indústria “fumageiras” e pela mídia incisiva durante décadas, provocando uma explosão mundial no consumo de tabaco que pode em 2020 levar a 10 milhões de mortes anuais.

O tabagismo responde hoje por quase metade de todas as mortes por câncer, quase a totalidade de mortes por câncer de pulmão e doenças pulmonares crônicas, mais de 20 % de mortes por doenças vasculares, quase 40% de mortes cardiovasculares.

Todos esses números juntos levam a uma preocupação gritante ao consumo padronizado de cigarros e derivados. Não há meias verdades, apenas uma realidade que se manifesta 20, 30 anos após o inicio do vicio, geralmente ainda na adolescência, aonde metade dos jovens que experimentaram 1 cigarro se tornam fumantes.

Fora isso, ainda existe subliminarmente a brecha para introdução de outras drogas na vida dos dependentes.

De longe é uma preocupação alarmante com a saúde nos paises em desenvolvimento, que ainda contam com fatores como doenças infecto-contagiosas, desnutrição e condições sociais ainda não controladas, favorecendo o difícil controle do fumante.

A melhor forma hoje é a informação dos danos para conscientização da necessidade de tratamento precoce. O fumante não é um simples sem vergonha que sabe de tudo e não toma providencia alguma. Ele precisa de ajuda profissional e visibilidade como política pública, porque as estatísticas mostram que 20% não conseguem se livrar do vicio.

Os serviços públicos já instituíram um consenso de tratamento para os dependentes. É uma dificuldade enorme o credenciamento de uma unidade de tratamento, o rigor no acompanhamento dos pacientes e a capacitação dos profissionais são acompanhados de perto por gestores e o financiamento público inicial é bastante caro. Mas comparado aos danos em médio prazo e a perda da autonomia sobre o vicio, é um investimento político de peso global, visando à restauração da qualidade de vida das pessoas.

O avanço da ciência e da globalização mostra que o tabaco, antes visto como estilo de vida é reconhecido mundialmente como dependência química, classificado internacionalmente no grupo de doenças de transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substancias psicoativas

Os profissionais envolvidos reconhecem que o ponto central da cessação de fumar é a mudança comportamental, não há formulas mágicas. Existem, remédios eficientes e terapias cognitivas para prevenção de recaídas.

Ajudar um fumante a deixar de fumar é uma questão ética e de humanidade. A abordagem eficaz envolve acolhimento e humanização, e principalmente, uma parceria de vontades.
Pense grande, inclua-se num mundo mais saudável. Procure informações com os profissionais de saúde de sua cidade.

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