O Substituto

“Substituto” o titulo que escolheram para o filme no Brasil é totalmente vazio comparado com o original “Detachment” que em inglês significa “desapego” ou “indiferença” e é muito mais plausível com o tema que se trata. O filme mostra a vida de vários professores dentro de uma escola publica. Ele foca bem na historia de Henry Barthes (Adrien Brody) um professor substituto que começa a dar aulas em uma escola onde jovens simplesmente desistem dos desafios da sua vida.
A realidade educacional americana pode ser um pouco diferente da nossa. Primeiro pela infra-estrutura que é mostrada no filme, por ser uma escola publica, é melhor do que as particulares daqui. Mas um ponto é universal; Quando falamos dos jovens de hoje, que encaram o seu futuro como uma escolha vazia e de fácil conquista. Uma crítica brutal a sociedade, a jovens que tem contato a muita informação, mas não consegue filtrar aquilo que chega até eles. O filme molda isso. Mas não de uma forma de uma “mente perigosa” ou “em chamas” que deseja tudo, mas mentes estúpidas.
O jeito que o diretor Tony Kaye trabalha o filme é espetacular, dividir em pequenas crônicas do dia a dia dos professores. Como Mr. Wiatt (Tim Blake Nelson) que é um profissional frustrado e tem uma família indiferente dele, ele é invisível dentro da escola. E quando Henry vai falar com ele é emocionante o que ele diz: Você consegue me ver? Mostrando um desespero de sua vida. James Caan interpreta um professor que sobrevive aquele mundo usando remédios fortes. Dr. Doris Parker (Lucy Liu) a psicóloga da escola não acredita mais nela e nem nos alunos. Mas ainda luta para conseguir fazer a diferença.
Outra coisa que achei legal é como os pais se preocupam com os filhos. Várias vezes o filme mostra “problemas” como um garoto que briga na escola e podemos ouvir uma narração em “off” do pai falando que o filho tem dislexia e o mal comportamento é por culpa da doença e não dele. Ou de um garoto que tem claros sinais de psicopatia e os pais também não ligam para o estado mental.
Acho que o filme quis mostrar a falha da nossa sociedade e como estamos criando verdadeiros idiotas para o mundo. Não podemos culpar a sociedade, se não cuidamos dela. A ética e a moral é uma coisa que se falta muito hoje em dia.
Uma coisa que não ficou claro, apesar de muito bem realizada é atuação de Henry no filme. Vemos a relação dos alunos entre si, no ponto de vista dele. E apesar dele realmente fazer a diferença na vida dos alunos. Ele mesmo se vê como uma pessoa indiferente. É desapegado nas relações amorosas e físicas. Henry esconde um passado misterioso, que é revelado ao longo da história dentro de lembranças com a sua mãe morta e uma infância perturbada.
O filme é real por vários pontos. Primeiros pelos problemas que apontei na crítica, segundo pela sociedade atual e terceiro pela falta de estrutura do governo. A produção apresenta só os problemas e não as soluções. Enxergo isso como um ponto na vida de professores, sendo reféns de alunos, dos pais e do próprio sistema que trata a educação de uma forma banal.
Por fim, O filme se fala sozinho, ele poderia ser tanto uma “ficção” quanto um “documentário” que séria perfeito. Um filme real e preocupante. Um alerta para o mundo de hoje.
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