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Publicado: Segunda-feira, 11 de maio de 2015

O soar do gongo

O soar do gongo
"Pugilista em repouso", na Roma Antiga.

"Vagabunda!". "Cachorro!". Ela cravou as duas mãos no pescoço dele com tanta raiva que as unhas voltaram com sangue quando foi brutalmente empurrada para o chão. Caiu de costas, apoiando-se ligeiramente com o cotovelo que fez um barulho oco e deslocou seu ombro. Gritou entre os dentes, como leão que ruge sem abrir a boca, enquanto se levantava devagar caçando à volta algo acessível e perigoso. Pegou o vaso chinês, presente de casamento da sogra, e lançou estupidamente com a perícia de um arqueiro, acertando a cabeça do marido que já começava a planejar sua fuga, pois notara que a raiva seria incontrolável a partir daquele momento. Ele titubeou, perdendo os sentidos por alguns segundos e lutando para se manter em pé, mas foi impossível e acabou caindo de quatro. Quando recuperou a consciência, ela estava montada sobre ele e tentando lhe enforcar numa chave de braço. "Mãe", ouviram lá de cima. Pararam instantaneamente, cumprimentaram-se e esperaram com sorriso a filha descer para a sala.

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