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Publicado: Sábado, 26 de março de 2016

O Sermão das Sete Palavras

Crédito: Google Imagens O Sermão das Sete Palavras

Não perco por nada o evento católico que praticamente fecha a Quaresma todo ano, chamado O Sermão das Sete Palavras. O sermão contempla as últimas frases de Jesus Cristo já pregado na cruz.

Muito se tem falado e escrito sobre esse derradeiro momento de Jesus Cristo em sua passagem terrena e destaco a obra de um grande ituano: o repertório musical "Três Horas de Agonia ou As Sete Palavras de Jesus Cristo na Cruz", de autoria de Elias Alvares Lobo (1834-1901), interpretadas magistralmente pelo Coral Vozes de Itu. Foi escrito em Itu em 1.867.

Aprecio sobremaneira refletir sobre as sete últimas frases ditas por Ele, já pregado na cruz nas suas últimas três horas de existência.

Vejo nesse conteúdo, além de todas as importantes lições de humildade, sacrifício e devoção, valiosas lições de liderança, comunicação e de condução e fechamento de uma missão.

Lembremos que estava em curso, simplesmente a maior missão da história do mundo. Conduzida com maestria e baseada em parábolas, sermões e exemplos.

No momento do flagelo no calvário e da crucificação, portanto ao aproximar da morte, chegara a hora de concluir a missão. O que ainda não foi dito? O que precisava ser reafirmado? Como usar esse tempo para encerrar a maior missão da historia do mundo? Como conseguir que a missão e seu conteúdo ficassem definitivamente divulgados e fixados pelos milênios? À quem louvar, agradecer, lembrar nesses derradeiros minutos?

Os Evangelhos de Lucas, Mateus e João trazem essas sete últimas frases. Foram frases curtas. Algumas talvez apenas um sussurro, mas todas harmonicamente encaixadas na missão que o grande Líder conduziu. Seriam frases ensaiadas e já preparadas para esse momento? Por que das sete frases, quatro delas foram dirigidas ao Pai? Divino, sobretudo na terceira frase a referência à sua mãe.

Bem, Jesus na cruz, disse palavras de profundo significado. Vamos a elas na ordem em que foram ditas:

_ “Pai perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem.” (Lucas, 23, 33)
O perdão continua presente. Agora não mais como discurso, mas como um exemplo que partiu Dele próprio. Faço o que falo. Nessa frase, reconhece a fragilidade do ser humano.

_ “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23,43)
No momento extremo Ele destina uma frase para salvar Dimas o bom ladrão. Continua o exemplo do perdão. Sem nenhuma promessa de nova vida ou de um futuro melhor: Hoje mesmo.

_ “Mulher, eis ai o teu filho… Eis ai a tua mãe” (João 19, 26, 27)
Jesus recomenda sua mãe a João e João a sua mãe, valorizando a fraternidade em família.

_ “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mateus, 15, 33-34)
Nesse momento, aparentemente Jesus se esvazia da divindade por estar próximo da morte.

_ “Tenho sede.” (João 19,28)
A referência a água poderia ser vista como a demonstração de estar Ele agora sujeito às necessidades fisiológicas.

_ “Tudo está consumado!” (João, 19 29-30)
Nesta frase longe de aceitar tudo como derrota, Jesus declarou que a sua missão estava concluída. Ou seja, tudo está feito, concluído.

_ “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” (Lucas, 23, 44-48)
Jesus expira nas mãos do Pai e entrega-lhe o seu espírito.

Nasce nesse momento um novo mundo. As pessoas tiveram a chance de aprender um novo modo de vida, que se resume em “Amar aos outros como a si mesmo.” Felizes daqueles que aprenderam a lição.

"Os céus e a terra passarão, mas os designios de Deus sobre nós jamais passarão."

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