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Publicado: Segunda-feira, 17 de agosto de 2015

O que escapa aos "panelaços"

O que escapa aos "panelaços"

Mais uma vez os brasileiros ganham ruas e praças no país todo para brandir cartazes, embalados para, essencialmente, pedir a cabeça de um nome, o da Presidente e, no mais, com parcas referências a um ou outro político de mau conceito.

Mas isso é pouco e quase nada.

O que os "panelaços" e as passeatas não enxergam é o fulcro, o centro, a origem e a realidade dos desmandos e quem promove de fato toda essa ruína, ou seja, os políticos no seu todo, a ponto de no momento ser até muito difícil de se falar em possíveis exceções. O cancro está generalizado.

Na abordagem desta nota, ficam desde já de fora os diretores de empreiteiras, bem como executivos de quaisquer níveis da desfigurada Petrobrás, sim, inclinada e rebaixada no contexto mundial e que, tomara, não vá ao chão de vez.

Para efeito desta matéria, pois, sem que sejam esquecidos os executivos, que haja um enfoque particular de toda extensa gama de maus políticos nela envolvidos, como cabe aliás à mais elástica das investigações, sujeita por isso a esticar-se ao infinito. Vá até onde for preciso.

Cinja-se a abordagem, daqui para frente, apenas da pessoa e da presença dos políticos profissionais, com mandato numa das casas do Congresso. Fale-se, deles, explicitamente. Este é o foco corrompido que ao povo escapa. Sim, eles, os senhores com mandatos eletivos.

Para dizer pouco, atente-se para o fato de que chega para quarenta e seis personagens, se mais não for, a quantidade de políticos com assento no Senado e na Câmara e ao mesmo tempo incluídos na condição de investigados e cujo nome pouco ou nunca vem à tona. Sim, há os notórios; mas, e os escondidinhos?

E olha só a aberração: desses quarenta e seis investigados, se mais não houver a esta altura, chega-se a uma quantidade até superior à dos quarenta comparsas do famigerado Ali-Babá. Assinale-se que desses, só três nomes prendem-se a políticos, ora sem mandato. Como também se cuida de uma relação divulgada há cerca de uma semana. Pode estar aumentada.

Tais deputados e senadores implicados vêm de todos os cantos, ou seja, de dezenove Estados da Federação.

Seis elementos do Rio Grande do Sul; cinco da Bahia; quatro de São Paulo; três para cada um dos Estados, do Paraná, Pernambuco e Alagoas; dois para o Rio de Janeiro, Goiás, Maranhão, Piauí, Mato Grosso, Rondônia e Minas Gerais; com pelo menos um representante, os Estados da Paraíba, Roraima, Rio de Janeiro, Acre, Sergipe e Tocantins.

Esse placar evidencia o quanto a malha corrupta está hoje expandida. E é bem assim que eles agem, acintosamente, em benefício de sua própria salvaguarda, dispostos por exemplo a aprovar em trinta minutos as contas quatro ex-presidentes, as mais velhas esquecidas há treze anos, fora da pauta. O mais incongruente, irresponsável e vergonhoso dos casuísmos já utilizados neste país, para atender a vontade pessoal e o capricho de alguém, citado na mídia como o homem de “olhos de sangue” ! Ele comanda a grei indigesta!

A passeata deveria estar voltada muito mais e com igual destaque de apelos bem orientados, a preservar o nome de dois brasileiros. Neste instante, a esta altura, agora, mais do que nunca, importante é imprescindível a continuidade da atuação firme e serena, tanto do Juiz Sérgio Moro como do Promotor Geral da República.

O quanto não há de perfídia na mente e no empenho desses maus políticos, para de algum modo engendrar embaraços a esses dois brasileiros, intimoratos nos seus cargos?

Brasileiros e brasileiras fariam melhor e agiriam mais inteligentemente, se acordassem para o fato de que esses políticos se serviram do voto dos que hoje clamam nas ruas. Traídos portanto.

Urge levantar a bandeira na defesa e no amparo desses dois brasileiros, de modo a  assegurar possam ir até o fim na sua empreitada.

Urge, mais que nunca, a certeza da segurança e continuidade na atuação dos equilibrados e sensatos profissionais, o Juiz Sérgio Moro e o Promotor Geral da República, Rodrigo Janot.

Se no afã da depuração dos corruptos, também a Presidente esteja comprovadamente envolvida, então aí sim, mereça também ela a mesma sorte.

Prioritariamente, limpe-se a casa e sejam trazidos nomes limpos para ocupá-la.

A força e os meios, estão justamente no voto. O voto bem posto. Se não for assim, outras passeatas virão.

Inócuas.

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