O que é ser um bom professor?

“Mire veja: o mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. È o que a vida não me ensinou. Isso me alegra, montão” (Guimarães Rosa)

No dito de Guimarães Rosa: “...as pessoas ainda não foram terminadas...” . Que bom que isto é assim, pois como as pessoas não foram terminadas, Deus criou os professores.

O fértil solo da cultura ituana ofereceu-nos com uma profusão de grandes mestres. Como ituano da gema, tive o privilégio de conviver e aprender com grandes mestres ituanos, dos quais citarei apenas um: o professor Cid Rocha, de saudosa memória, cujo conhecimento da língua portuguesa e sua autoridade na condução dos trabalhos em classe, sempre me impressionaram.

Sim, o mundo mudou. Mas os princípios pedagógicos continuam os mesmos. No dizer de Assmann em 1998: “São três os analfabetismos por derrotar hoje: o da tecto-escritura (saber ler e escrever), o sociocultural (saber em que tipo de sociedade se vive) e o tecnológico (saber interagir com máquinas complexas) Toda escola incompetente em alguns destes aspectos é socialmente retrógrada”.

Em função da minha admiração pelos grandes mestres, atrevo-me a listar algumas características presentes nos mestres que conheci. Conhecimento, dedicação, paciência, perseverança, e a mais importante de todas: As Relações Interpessoais.

Sem a intenção de aprofundamento, e recordando as lições de grandes mestres da pedagogia, devemos salientar a importância que deve ser dada nas relações pessoais entre todos elementos da equipe escolar (diretores, professores, inspetores de alunos, pessoal da secretaria), e encará-la como uma “relação de ajuda” – ajuda para o crescimento, para a autonomia, para a auto-realização. Mas para uma ajuda efetiva são necessárias grandes habilidades interpessoais. E é necessário que todos procurem desenvolver ou reforçar essas habilidades e tente sempre adquirir novas.

Rogers (1985) propõe três atitudes básicas como condição para um relacionamento construtivo: autenticidade, consideração positiva e empatia.

Gordon (1974) apresenta duas habilidades: - ouvir ativo ou escuta ativa, e – mensagem-eu ou mensagem na primeira pessoa.

O ouvir ativo revela o querer compreender o que se passa com o outro.: é a tentativa de captar o que está por trás da fala. A mensagem-eu é a mensagem que expressa aquilo que estamos sentindo sobre o comportamento do outro, e como isso o afeta.

Já Carkhuff (1977) propõe como habilidades importantes para um bom relacionamento:

- atender, mostrar por formas verbais e não verbais a disponibilidade e o interesse pelo outro;

- responder, comunicar, verbal ou comportalmente a sua compreensão pelos sentimentos e idéias do outro;

- personalizar: mostrar sua parcela de responsabilidade no problema que o outro está enfrentando;

- orientar: avaliar, com o parceiro da relação, as alternativas de ação possíveis para facilitar a escolha de uma delas.

Mestres ituanos da nova geração: Vamos continuar aproveitando o fértil solo da Cultura Ituana.
 

Fontes:
PLACO, Vera Maria Nigro de Souza e ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. O coordenador pedagógico e o cotidiano da escola. Edições Loyola, São Paulo, Brasil 2003.
DIVERSOS, O coordenado pedagógico e a formação docente. Edições Loyola, São Paulo, Brasil 2000.