O que Deus fazia antes da criação do mundo?
Provocado que fui por um aluno de filosofia, resolvi escrever este modesto artigo sobre um tema que, longe de ser heresia, consta das meditações de Santo Agostinho e está sempre presente nos encontros filosóficos.
Quer a resposta numa palavra? Preparava.
Simples não? Mas com uma pesquisa rápida aqui e ali, podemos caminhar um pouco mais na meditação deste grande mistério.
Em primeiro lugar Deus sempre existiu, nunca foi inventado por ninguém, e quando ouvimos dos astrônomos que as galáxias e o universo existem há 15 ou 20 bilhões de anos, pode surgir uma indagação. Se Deus existia antes de tudo isso, o que ele fazia?
Essa pergunta levou Santo Agostinho a uma análise do tempo e levou-o a conclusões geniais. Para Santo Agostinho antes de Deus criar o céu e a Terra não existia tempo. Se não havia tempo, pra que perguntar o que havia então. Como não havia tempo, não se pode falar de um tempo antes do tempo. Está claro?
Tenha paciência, filosofia é assim mesmo.
Vamos em frente?
O tempo é criação de Deus. Então se comete um erro estrutural na pergunta. Bem, além disso, Deus criou o tempo e todas as coisas juntas, do nada, como disse o bispo de Hipona.
O início do tempo é quando o mundo começa a existir. O tempo é a medida do movimento, então não pode haver tempo, antes da existência de coisas mutáveis.
A eternidade pertence somente a Deus, portanto o tempo não é eterno e um dia chegará ao fim. Se o tempo fosse eterno, seria também um deus.
E por que as criaturas são imperfeitas, se foram criadas de um Deus perfeito? Ainda segundo Santo Agostinho, todas as criaturas foram feitas do nada e pela vontade de Deus. Ele atribui a perfeição à semelhança de Deus e a imperfeição ao fato de terem sido criadas do nada.
E o que Platão nos deixou sobre esse tema? Platão acreditava que o mundo inteligível era a verdadeira causa do mundo sensível. O mundo inteligível deriva do Um, que desempenha a função do princípio formal e da Díade indeterminada, que funciona como princípio material, e também que o mundo físico deriva das ideias.
Platão ia mais longe: existe um Demiurgo, um deus-artífice, um deus que pensa e quer, e que assume como modelo o mundo das ideias e com a “chora” criou o cosmo físico. Vejam que para Platão já existia uma matéria que ele chamava de “chora”. O Demiurgo ao contemplar as ideias plasma o mundo sensível, diferente de Agostinho que não coloca nada antes de Deus.
Interessante é que num ponto eles concordam: as criaturas são sempre feitas com bondade e amor.
Fonte principal: site do Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil.