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Publicado: Quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Professor e o sentido da sua profissão

O Professor e o sentido da sua profissão
Qual é o sentido de ser professor, hoje?

A indiferença me assusta. Olhar e não ver, ouvir e não escutar, sentir e não significar são atitudes que podem acorrentar o homem e torná-lo prisioneiro de uma vida sem sentido.

Por isso tenho medo. Somos todos, sem distinção, vulneráveis ao cansaço da alma, à falta de esperança e à morte dos sonhos.  O ceticismo é um “monstro grande e pisa forte”, se alimenta das lamúrias e não tem pena da gente.

Mais triste e perigoso é quando esse monstro invade os espaços educativos, devora professores e escraviza a ação pedagógica. Impossível? Lamentavelmente, não. São muitas as histórias, por mim vivenciadas, que denunciam o cansaço, o esgotamento, a impaciência e a ausência de expectativas desses profissionais.         

De quem é a culpa? Como combater a indiferença? Como resgatar o sentido da alma cansada?  

O jornalista Leonardo Trevisan, escreveu faz tempo, que “todos dizem que gostam muito dos professores, mas não chegam a incomodar-se muito com o fato de que há tempos eles recebem um salário de fome.” A situação no Brasil é antiga, de longa data. Uma vez ou outra surgem boas ações, isoladas, mas o problema é sistêmico e a solução, como ensina o Prof. Moacir Gadotti, depende da ação pública de estado e não de governo.   

Não posso e não quero ser indiferente a tudo isso. Procuro os mestres, faço imersão intelectual: leio, leio, leio, leio... e sofro. A educação brasileira está na UTI. Como ajudar?

Não tenho a verdade, mas acredito que precisamos começar dando sentido ao nosso fazer profissional, de forma que à sociedade compreenda a finalidade da nossa profissão. Mas para isso, precisamos antes, de fato, compreendê-la no contexto atual. Ou seja, qual é o sentido de ser professor, hoje?  

Gosto muito de ler um livro, sobretudo quando percebo a aproximação do “monstro grande que pisa forte”, chamado “Ser Professor: um ofício em risco de extinção”. Nele, a autora, Luiza Cortesão, diz que o professor que está em risco de extinção é o professor em branco e preto, “monocultural”, bem formado, seguro, claro, paciente, trabalhador, distribuidor de saberes, eficiente e exigente. Mas ao contrário, o professor “intermulticultural”, que não é daltônico cultural, que se dá conta da heterogeneidade, capaz de investigar, de ser flexível e de recriar conteúdos e métodos, capaz de identificar e analisar problemas de aprendizagens, de elaborar respostas às diferentes situações educativas; esse sim é bem-vindo ao nosso tempo e não corre nenhum risco de extinção. 

Não tenho dúvida, vivemos um período de grande transformação e somos, sim, privilegiados por isso. Afinal, se há antídoto para o cansaço da alma, capaz de destruir o “monstro grande que pisa forte”, ele se concentra na capacidade de mudar, recriar e inovar. Agir como mediador do conhecimento e assumir postura aprendente, sempre. 

Aliás, essa é a postura esperada do professor de hoje e que legitima o sentido da sua profissão.

 

  

 

 

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