O Primeiro Papa
XIV Domingo do Tempo Comum.
Festa de São Pedro e São Paulo.
Julho. Dia 3. 2011
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“” Jesus se manifestou aos seus discípulos e, depois de comer com eles, perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?”
Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”.
Jesus disse: “Apascenta meus cordeiros”. E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”.
Jesus lhe disse: “Apascenta as minhas ovelhas”.
Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?”
Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”.
Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo, quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”.
Jesus disse isso significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus.
E acrescentou: “Segue-me”. “”
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Nas últimas semanas, os evangelhos têm sido sucintos e o deste XIV Domingo Comum – reservado à festa de São Pedro e São Paulo, segue na mesma linha, com apenas cinco versículos, do 15 ao 19, dentro do capítulo 21, de João.
No curto relato, apenas dois personagens: Jesus e Pedro.
Tem-se dito várias vezes nos comentários dominicais, meras pistas para que os que assim o desejem se detenham mais tempo em proveitosa meditação, que a linguagem do Novo Testamento é acentuadamente repetitiva, um recurso didático quiçá, para melhor compreensão.
Jesus questiona Pedro três vezes, agora porém não por causa da necessidade de ou facilidade para memorização de quem leia o episódio. Jesus tinha missão especial para o apóstolo destemido e às vezes até afoito de tanto que amava o Mestre. Queria Jesus no entanto certificar-se da primeira e principal condição da pessoa a quem seria confiado um encargo de tamanha relevância. Para se desincumbir desse trabalho, cujo final redundaria em martírio, embora já soubesse e muito bem conhecesse o afeto de Pedro, Jesus insiste em que o apóstolo lhe diga que o ama.
Na terceira vez em que Jesus lhe pergunta se o amava deveras, Pedro se entristeceu. Ele negara conhecer Jesus também repetidamente três vezes. Entretanto, não se altera. Contém-se e proclama com todas as letras que amava Jesus:
“Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”.
Jesus, então, simples e diretamente, lhe diz:
“Apascenta as minhas ovelhas”.
Erige Pedro o primeiro Papa ali mesmo, naquela hora, conquanto o discípulo não pudesse alcançar a extensão e o significado ainda de outorga tão sublime quão difícil.
Faz referência também, conquanto não de forma explicitada, que se enquanto fora jovem e livre, Pedro decidia de seus caminhos, hora chegaria porém em que o iriam levar a lugar para onde ele não desejaria ir, - morte de cruz.
E Jesus finaliza:
“Segue-me”.
É lícito, à vista desta passagem, exaltar as primícias do exercício do amor, em todas as circunstâncias e que esse afeto máximo e superior ganha sentido pleno quando endereçado a Deus Nosso Senhor, na pessoa de Jesus Cristo.
E Jesus sabe muito bem que para que um amor perfeito a Ele seja dedicado, tal afeto passa pelo mesmo sentimento das pessoas entre si. Encaminhar-se na direção do Mestre, com o tropeço aqui ou ali por qualquer malquerença, impede o cristão de chegar até Ele.
Mas, se tal existe entre os mortais, que de ambos e de todos os lados se estenda o quanto antes a ponte para a reconciliação. Que ela venha do fundo do coração e aí entao, a alameda da reaproximação fica recoberta pelo tapete do amor verdadeiro.
Quem ama Jesus, ama o próximo.
Daí, finalmente, se torna possível não apenas ouvir mas também compreender-se o chamado dele a todo homem, seja quem for:
“Segue-me”.
Sim. Exatamente.
Seguir Jesus. Pedro o fez.
Seria melancólio se cada um dos fiéis se quedasse por aqui, feliz e a sonhar, porque acabara de recordar uma passagem comovente dos evangelhos, sem entender que amar Jesus e anunciar seu nome fosse tarefa de Pedro apenas.
João Paulo
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