O poder da comunicação
Por que todo mundo associa ovo com galinha, quando a pata faz a mesma coisa, só que não leva a fama? É que a galinha cacareja toda vez que bota um ovo, mas a pata não. O mesmo princípio funciona para a comunicação empresarial, sempre sob a regência do lema “não basta ser; é preciso parecer ser”. Quem entende bem este conceito é o concessionário de Viracopos, o Aeroportos Brasil.
Há cinco anos, o local era lembrado pelo seu papel no transporte de carga e uma nostalgia de um passado de glória nos voos internacionais de São Paulo. Praticamente abandonado, o terminal de passageiros só virava notícia diante de algum incidente policial.
Coube à Azul, sem opção de operar em Congonhas, fazer de Viracopos sua base. Com isto atirou no que viu e acertou o que não viu: o poderoso mercado consumidor do interior de São Paulo. Somado a um patamar superior de serviços, a empresa encontrou no início de 2013 um parceiro ideal. A atual concessionária em alguns meses bateu recordes, e já no final do ano deve chegar a oito milhões de passageiros. Um número modesto perto dos 80 milhões planejados para 2038, quando se tornará o maior aeroporto brasileiro. Hoje, Viracopos já é o terceiro melhor do país, de acordo com pesquisa com passageiros feita pela Secretaria de Aviação Civil.
Com investimentos previstos de R$ 9,5 bilhões, R$ 2 bilhões antes da Copa, Viracopos ganhará um novo terminal para substituir o atual. Em um projeto sustentável, foi concebido para ser um “aeroporto cidade”, com hotéis, shopping center e centro de convenções. Quando inaugurado em 2014 poderá transportar 14 milhões de passageiros por ano, com 28 pontes de embarque e novas posições de estacionamento de aeronaves, ampliação das pistas de taxiamento e um edifício garagem para 4 mil vagas.
Enquanto o novo terminal está em obras, a concessionária procurou revitalizar o prédio existente com melhorias na sinalização, reforma e construção de banheiros, quase duplicação das 3.500 vagas e melhorias no estacionamento, aperfeiçoamento do sistema de segurança, inauguração de free shop, sala VIP, restaurantes e lojas. Além disso, modernizou a iluminação da rodovia de acesso, construiu um terminal rodoviário, melhorou a pista de pouso e o pátio das aeronaves, criou serviço de táxi executivo, ampliou áreas de embarque, espaços para check-in, instalou internet e wi-fi gratuitos, e estabeleceu programas de relacionamento com as comunidades, entre outras iniciativas.
Como sabemos de tudo isto? Graças a um eficiente programa de comunicação, que mantém um canal aberto entre o aeroporto e os seus “stakeholders”. Um modelo que deveria ser seguido.
Tanta diligência não passou despercebida pelos políticos, que querem capitalizar o sucesso aeroportuário com homenagens a partidários falecidos. Os petistas sonham em somar ao Aeroporto Internacional de Viracopos o nome de Luiz Gushiken, o PSDB o de Mário Covas e o PMDB o de Orestes Quércia. Em um derradeiro gesto apaziguador, corre por fora o nome do Papa João Paulo II.
* Este texto foi publicado originalmente na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia 26 de novembro de 2013, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.