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Publicado: Sexta-feira, 1 de abril de 2011

O pior dos cegos, aquele que não quer ver ...

IV Domingo da Quaresma. Dia 3 de abril. 2011.

Evangelho segundo João (9, 1-41 ou 1.6-9.13-17.34-38)

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Naquele tempo, ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Os discípulos perguntaram a Jesus: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego; ele ou seus pais?” Jesus respondeu: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso serve para que as obras de Deus se manifestem nele. É  necessário que nós realizemos as obras daquele que me enviou enquanto é dia. Vem a noite, em que ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo”. Dito isso, Jesus cuspiu no chão, fez lama com a saliva e colocou-a sobre os olhos do cego. E disse-lhe: “Vai lavar-te na piscina de Siloé”   (que quer dizer enviado).  O cego foi, lavou-se e voltou enxergando. Os vizinhos e os que costumavam ver o cego – pois ele era mendigo – diziam: “Não é aquele que ficava pedindo esmola?”  Uns diziam: “Sim, é ele!” Outros afirmavam: “Não é ele, mas alguém parecido com ele”. Ele, porém, dizia: “ Sou eu mesmo!”

Então lhe perguntaram: “Como é que se abriram os teus olhos?” Ele respondeu: “Aquele homem chamado Jesus fez lama, colocou-a nos meus olhos e disse-me: `Vai a Siloé e lava-te`. Então fui, lavei-me e comecei a ver”. Perguntaram-lhe: “Onde está ele?” Respondeu: “Não sei”. Levaram então aos fariseus o homem que tinha sido cego. Novamente, então, lhe perguntaram os fariseus como tinha recuperado a vista. Ora, era sábado o dia em que Jesus tinha feito lama e aberto os olhos do  

cego. Novamente, então, lhe perguntaram os fariseus como tinha recuperado a vista. Respondeu-lhes: “Colocou lama sobre os meus olhos, fui lavar-me e agora vejo!” Disseram, então, alguns dos fariseus: “Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado”. Mas outros diziam: “Como pode um pecador fazer tais sinais?” E havia divergência entre eles. Perguntaram outra vez ao cego: “E tu, que dizes daquele que te abriu os olhos?” Respondeu: “É um profeta”.

Então os judeus não careditaram que ele tinha sido cego e que tinha recuperado a vista. Chamaram os pais dele e perguntaram-lhes: “Este é o vosso filho que dizeis ter nascido cego? Como é que ele agora está enxergando?” Os seus pais disseram: “Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego. Como agora está enxergando, isso não sabemos.  E quem lhe abriu os olhos também não sabemos. Interrogai-o, ele é  maior de idade, ele pode falar por si mesmo”. Os seus pais disseram porque tinham medo das autoridades judaicas. De fato, os judeus já tinham combinado expulsar da comunidade quem declarasse que Jesus era o Messias. Foi por isso que seus disseram: “É maior de idade. Interrogai-o a ele”. Então os judeus chamaram de novo o homem que tinha sido cego. Disseram-lhe: “Dá glória a Deus! Nós sabemos que esse homem é um pecador”. Então ele respondeu: “Se ele é pecador, não sei. Só sei que eu era cego e agora vejo”. Perguntaram-lhe então: “Que é que ele te fez? Como te abriu os olhos?” Respondeu ele: “Eu já vos disse, e não escutastes. Por que quereis ouvir de novo? Por acaso quereis tornar-vos discípulos dele?” Então, insultaram-no, dizendo: “Tu, sim, és discípulo dele! Nós somos discípulos de Moisés. Nós sabemos que Deus falou a Moisés, mas esse não sabemos de onde é”. Respondeu-lhes o homem: “Espantoso! Vós não sabeis de onde ele é? No entanto, ele abriu-me os olhos! Sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aquele que é piedoso e que faz a sua vontade. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se esse homem não viesse de Deus, não poderia fazer nada” Os fariseus disseram-lhe: “Tu nasceste todo em pecado e estás nos ensinando?” E expulsasram-no da comunidade.

 

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Já  na semana passada, viu-se um texto relativamente longo do evangelho como o de hoje e assim será nas próximas semanas da parte final da Quaresma e também na Semana Santa propriamente dita.

Na mensagem de agora, percebe-se que das duas maneiras, erra o homem. Tanto quando se faz de piedoso apenas exteriormente e imagina que ao enganar   os semelhantes ilude a Deus, quanto quando se mostra de uma vez de coração empedernido.

Jesus opera um milagre e mesmo ante essa evidência, ainda assim os fariseus fazem-se descrentes. Sabe-se lá o íntimo das pessoas, pois talvez até estivessem admirados por aquele prodígio de Jesus, mas se comportavam como incrédulos. Mais que incrédulos, desesperados por pretender minimizar o óbvio, uma cura de nascença de um cidadão assaz conhecido, ainda mais que um pedinte.

Muito bem, por isso, finalizou Jesus com dizer que, se  eles, os fariseus,

cegos fossem, acreditariam e, no entanto, até porque veem e negam, o pecado se lhes pespega mesmo.

                                                                                                                  João Paulo

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