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Publicado: Segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Papai Noel e Jesus

 

Martinho estava desempregado há vários meses e ele e Mary sua esposa estavam muito preocupados. Suas parcas economias estavam quase acabando, o Natal se aproximava e eles, precisando fazer a maior economia, não poderiam festejá-lo.

Martinho passava os dias nas ruas à procura de trabalho. Prestava todos os concursos que aparecia, levava currículo para toda parte e enfrentava todas as filas para contratação de empregados.

 No desespero, não escolhia mais serviço. Estava disposto a enfrentar qualquer coisa, mas não encontrava nada.

À noite, os dois folheavam os jornais a procura de “procura-se”, mas os tempos estavam difíceis, havia muita gente desempregada e pouquíssimos empregos disponíveis.

Naquela noite, o único empregado procurado era alguém para fazer o papel de Papai Noel em uma grande loja de brinquedos.

 - Vou lá!

 - Será que você tem coragem de fantasiar-se de Papai Noel?

 - Por que não? Não vejo nada de mais nisso.

Martinho chegou ao local onde mais algumas pessoas se candidatavam ao cargo, mas o gerente engraçou-se com ele e contratou-o.

Ele tinha que ficar o dia todo na loja, caracterizado, receber toda criança que chegasse acompanhada da mãe, brincar com ela, oferecer balinhas e discretamente ouvir da mãe quanto estava disposta a gastar e só então encaminha-la para a seção compatível para os garotos escolherem o brinquedo que ele entregaria no dia de Natal. Depois tinha que distrair a criança enquanto a mãe fazia o pagamento.

Simples?

Parece, mas não era.

O gerente era mesquinho, não queria que ele oferecesse balas para crianças desacompanhadas (criança sozinha não compra nada) e o recriminava cada vez que uma mãe saia sem comprar.

As mães eram impacientes e reclamavam quando demoravam a serem atendidas.

As crianças faziam manha e toda sorte de malcriações.

Os vendedores estavam cansados e irritados e descontavam nele porque achavam que ele estava ganhando muito fácil, só para brincar com as crianças.

E ele tinha que estar o tempo todo sorridente, irradiando bondade como convém a um Papai Noel, apesar do cansaço, do calor e do desconforto da fantasia.

A música ambiente era terna e doce:

"Noite feliz! Noite feliz!"

Quando chegou a grande noite ele estava com as entregas devidamente agendadas, desde à tardinha, para as crianças pequenas que os pais queriam que dormissem cedo para eles irem a sua própria festa, os que queriam distribuir os presentes próximos a meia noite e até os que preferiam a madrugada.

Martinho desempenhou seu papel com toda dedicação. Contou histórias, fez brincadeiras, falou de Jesus.

Admirou-se ao descobrir que muitas crianças festejavam o Natal sem saberem quem é Jesus.

Nas casas por onde passou, nas festas das quais participou por momentos, pode constatar muita ostentação, muito desperdício, mas, pouca alegria autêntica, pouquíssima religiosidade.

Á medida que a noite avançava, as pessoas pareciam  aborrecidas e entediadas. Testemunhou brigas, atitudes inconvenientes de pessoas alcoolizadas. Lágrimas e reclamações.

Mas a música era envolvente:

"Noite de Paz e de Amor!"

Ia alta a madrugada quando, terminada a tarefa, dispôs-se a voltar pra casa andando a pé pela rua, já então, pouco movimentada.

De repente notou que um menino caminhava a seu lado.

Fitou-o e...Oh! surpresa! O menino parecia possuir uma luminosidade diferente e pode até entrever uma auréola em sua cabeça.

- JESUS!

- Sim! Por que o espanto? Estou sempre por aqui, só que você não pode me ver. Hoje como é dia de Natal quis vir  como um menino para participar da festa.

- E daí? Acho que não gostou do que viu.

Ele ri e conta:

Como toda criança gosta de festa de aniversário, fiquei encantado com o que vi. O  Mundo todo estava festejando o meu dia!  Nunca uma criança teve uma festa tão grande!

Escolhi uma casa muito chique onde dezenas de pessoas se divertiam em meio a muito luxo e muita fartura e fui entrando.

O porteiro barrou-me:

- Onde pensa que vai?

- Vim para a  minha festa.

A dona da casa apareceu:

- Boa noite, senhora! Obrigado pela linda festa!

- Como assim?

- A festa está muito bonita. Posso entrar?

A mulher chamou a empregada e disse:

- Maria, dê qualquer coisa pra esse menino e mande-o embora.

E assumindo a sua máscara de bondade, (cara de noite de Natal), comentou com a amiga

- Coitado! Parece que é meio bobinho.

E a música continuava:

" Jesus! Rei da Luz!"

 Resolvi, então, ir a uma casa  pobre.

O marido estava embriagado brigando com a mulher que reclamava porque não tinham nada em casa para comer. A cesta básica só chegaria no dia seguinte.

O filho mais velho estava emburrado porque tinha pedido a mãe uma lata de goiabada de presente de Natal e a mãe dissera que não tinha dinheiro para comprar.

O mais novo tentava fazer um enfeite com flores silvestres porque a professora tinha dito que todos deviam enfeitar suas casas para o Natal.

O irmão o recriminava:

 - Deixe de ser bobo. Você acha que Jesus vai gostar de flor do mato? Ele só gosta de gente rica, de enfeites bonitos.

 - Não! Ele gosta de quem é bonzinho!

 - Então me diga: Por que só criança rica ganha presentes? E ganha sempre, mesmo que não seja bonzinho?

O menino não soube responder e ficou pensando:

 - Será que é isso mesmo?

Mas, ao longe alguém cantava:

"Pobrezinho, nasceu em Belem!"

- E você, Jesus, que fez?

- Nada. Cada qual tem que conquistar o seu próprio entendimento. Apenas inspirei a  pessoa que lhes traria a cesta básica no dia seguinte para que acrescentasse uma lata de goiabada.

E continuou falando:

- O Pai pediu-me contas de minha tarefa aqui na Terra. Vim ver como estão os meus discípulos.

- Estão mal, não?

- Nem tanto, veja!

- Martinho voltou-se e viu o menino sobraçando um enorme buquê de maravilhosas flores, como ele nunca vira antes.

Ante sua admiração Jesus lhe disse:

- Veja! Estas flores simbolizam tudo de bom que encontrei entre os homens. Todo amor, toda fé, toda esperança, toda coragem, todas as conquistas espirituais que conseguiram seguindo meus ensinamentos. Vou oferecê-las ao nosso Criador como um tributo de agradecimento de toda a humanidade pelo magnífico presente oferecido há  dois mil anos atr

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