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Publicado: Segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O Natal é um acontecimento cósmico

O Natal é um acontecimento cósmico
Solstício - "Sol estático" - a parada do Sol:
- o "espaço-entre", a pausa antes do novo começo.
Grandes paradoxos quebram os paradigmas.
 
O Natal é a maior festividade espiritual do ocidente. Não fosse anunciado no céu pelo sinal de uma estrela brilhante, ou por uma rara configuração planetária, talvez não percebêssemos a magia do encontro de Reis Magos, Sábios Astrólogos da antiguidade, no deserto da existência humana, para celebrar o nascimento na manjedoura de um pobre menino chamado Jesus.
 
Hoje, nessa data é também quando ocorre a maior orgia materialista da civilização contemporânea. Nesse ponto, os opostos se encontram, percebemos acentuadas as diferenças: mesas de farturas com desperdícios para uns, enquanto para outros, nada, ou as sobras do quase nada. Por um lado abundância e riqueza, por outro se evidencia a miséria e pobreza. É a chegada do sol no signo de Capricórnio. Talvez isso assim seja para que, em algum momento da evolução da humanidade, cada homem possa perceber tamanho disparate, e fazer valer o amor, ou a igualdade de condições para todos.
 
O que ocorre nessa época do ano não é resultado do marketing com intenção de aumentar vendas de fim de ano, mas é, antes, a conseqüência de um poderoso espírito de solidariedade humana que inunda o planeta Terra e o coração de todos os homens de boa vontade, com a chegada do Sol ao Solstício de Capricórnio. Capricórnio é o signo da montanha gelada, coberta de neve, é o início da estação do inverno no hemisfério norte, e com o inverno, a severidade do frio, a percepção da escassez e do recolhimento da natureza.
 
Imagino os antigos povos nômades diante da natural privação proporcionada pela aproximação da estação mais austera – a falta do alimento, os bichos que hibernam nas tocas, as árvores sem frutos cobertas de neve. Um círculo se forma em volta de uma fogueira, no interior das tendas ou das cavernas para aquecer o coração de cada um. O fogo que se liberta da madeira é apenas a lembrança do mesmo fogo do Sol que no verão explodia em calor nas árvores iluminadas. Compartilhar desse calor, nas vésperas da mais longa noite do ano, é o mesmo ato de doar do Sol – dar o Sol – Sol e dar – solidarizar. Ser solidário é dar o Sol – tornar o seu Sol o Sol do outro - iluminar e aquecer o coração de quem sente frio, porque a chama que acende uma outra, não apaga, se multiplica.
 
É daí que vem a magia do Natal. Somos tomados por um sentimento que mescla a ansiedade anciã com jovial euforia. Há uma correria desatada para resolver pendências. Ida às lojas - presentes - ceias – abraços, confraternizações - nada pode faltar. Há a expectativa de que algo muito especial está para acontecer, de que alguma nova possibilidade amorosa possa surgir em nossa vida. Saudamo-nos com mais permissão, como se tivéssemos chegado a uma ESTAÇÃO de embarque para um outro tempo, mais prodigioso, abundante, a receber de braços abertos e com saudade a visita de um ente querido, há muito esperado. O olhar se abre para o mundo do mesmo modo que enxergamos algo pela primeira vez, de uma outra forma muito especial, sem defesas, repleto de esperança, de confiança que a vida é bela, cheia de luzes que se espalham pelas cidades. Árvores enfeitadas iluminando uns aos outros com a abertura amorosa de um coração mais solidário, mais humano. É como poder olhar para todos com o mesmo olhar que o pai tem para seu filho único. Podemos ver coisas e pessoas que não enxergávamos antes, porque é o coração do planeta que está se abrindo para receber de volta a luz do Sol, doador de vida, de calor e amor, e está em harmonia com o coração da Terra e o coração dos homens de boa vontade.
 
Quando o Sol está em Capricórnio projeta a sua luz sobre o planeta Terra e ilumina, lá do outro lado do céu, o signo de Câncer, ícone da família – é o despertar da solidariedade à Sagrada Família Humana. O Pai, a Mãe e o Filho – no interior de um estábulo, numa caverna, em nossas casas, atravessando o deserto da existência humana. É o símbolo arquetípico que fica, ao menos, por um momento, na noite de natal. Um breve momento de lucidez, quando se abre a fresta da Porta do Solstício – e os dias voltam a se expandir em luz. É a Porta por onde entram os Avatares.
 
FELIZ NATAL - com o coração aberto para receber a boa nova do amor que se anuncia são os votos de JOSE MARIA GOMES NETO
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