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Publicado: Sábado, 2 de setembro de 2017

O futuro do trabalho na era digital

“Precisamos aprender a desaprender para reaprender”

A era digital vem causando transformações radicais no mundo do trabalho. E o futuro do trabalho já vem chegando, tal como os primeiros pingos da chuva torrencial que se aproxima. Uma chuva de tecnologia que fará com que trabalhemos menos, com menor fadiga e menos stress e com uma produtividade incomparável. Mas, e o medo de enfrentar uma nova realidade na qual as máquinas tomarão o lugar dos trabalhadores?

Numerosos estudos buscam entender como será o trabalho nos próximos anos, qual o impacto da tecnologia na forma de produzir bens e serviços e, especialmente, como o trabalhador será afetado pelas mudanças. O último CONARH – Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas – dedicou vários capítulos de sua agenda ao futuro do trabalho. Painéis como “O futuro do talento na era da transformação digital”, “A 4ª revolução industrial e a nova bússola do sucesso”, “Workforce of the future – Pesquisa Accenture”, dentre outros, trouxeram constatações instigantes sobre o que nos espera nos próximos 5 a 10 anos.

As atividades de menor valor irão para as máquinas e surgirão novas funções que requerem habilidades tais como solucionar problemas complexos, pensar de forma crítica, exercer a criatividade e, principalmente, habilidades sócio emocionais, como inteligência emocional, empatia e capacidade de desaprender e reaprender. O uso de robôs tem o potencial de eliminar milhões de empregos de menor complexidade, ao passo que a economia digital, com seus aplicativos e soluções avançadas, irá oferecer inúmeras oportunidades aos possuidores de habilidades digitais.

Os trabalhadores da era digital formarão uma força de trabalho “líquida”. No passado, as pessoas utilizavam suas habilidades e executavam as mesmas tarefas para atingir metas inalteráveis durante suas carreiras, tudo muito sólido. Atualmente, em todas as indústrias, acompanhamos o surgimento de uma nova ‘força de trabalho líquida’ – flexível, adaptável e ágil. O mundo se converteu em um ambiente “vuca” – vulnerável, incerto, complexo e ambíguo, exigindo um rol de competências inimagináveis há poucos anos, como por exemplo, lidar com a inteligência artificial.

Um desafio adicional é que algumas competências não estão no indivíduo, mas no coletivo, ou seja, para o sucesso de um projeto concorrem inúmeros profissionais de distintas áreas, localizados em várias partes do mundo e conectados em tempo real para unir suas competências em prol dos objetivos pretendidos.
 
O trabalhador do futuro próximo prefere ser independente e freelancer, e quando empregado em uma organização planeja ficar um máximo de cinco anos. Ele acredita que o incentivo financeiro não é mais a principal motivação para o trabalho e que um ambiente sadio é mais importante que o salário. Além disso, ele quer um emprego que produza um impacto social e que a empresa possua uma cultura ética e responsável.
   
A revolução transformadora da era digital irá alterar o funcionamento de inúmeros organismos da sociedade atual. O governo perderá seu papel de controlador implacável das atividades, dada a fluidez do trabalho, a sua ubiquidade e a distribuição entre incontáveis players. E os robôs não serão sindicalizados nem pagarão imposto sindical.
 
Haverá, certamente, uma transição longa entre o mundo analógico e o digital. Por muito tempo existirá uma coexistência paralela entre os dois mundos. Os que assumirem a dianteira ganharão os benefícios da revolução. Os retardatários amargarão o desemprego e o caos social, sem direito à volta ao status antigo.

A chuva revolucionária digital desaba sobre o mundo. Dentro deste cenário vale uma reflexão sobre o Brasil e os impactos da era digital nos negócios, no ensino, no comportamento dos cidadãos e dos seus dirigentes. Seremos tragados pela corrente ou nos tornaremos o próprio caudal do progresso?

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