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Publicado: Sexta-feira, 18 de maio de 2007

O erro, uma constante

O erro é uma constante, em todos os sentidos. Todas as coisas estão sujeitas a ele, de uma forma ou outra. Na ciência, na biologia, na economia, na diplomacia, na filosofia, na vida em família, no âmbito profissional ou dos relacionamentos afetivos, quantos erros acabaram acontecendo? Impossível calcular...
 
Tomemos a Bíblia nas mãos. O primeiro livro, o Gênesis. Começa nos apresentando todo o trabalho de Deus para erguer a sua criação, com tudo o que existe. Narra inclusive sua obra-prima: nós, os seres humanos, na figura de Adão e de Eva. As coisas eram tão belas e perfeitas que as Escrituras afirmam que o Criador viu “que tudo era bom”.
 
Então chega o erro, na forma da desobediência do primeiro casal humano. Por causa desse erro eles foram expulsos do Paraíso e passaram a viver em um mundo de sacrifícios e dores, sujeitos ao pecado e à morte. Assim seria até que Deus enviasse seu Filho único para redimir os pecados de toda a humanidade, livrando-nos desses grilhões.
 
Não precisamos nem de teologia e nem de filosofia para concordar com a sentença de que “errar é humano”. Isso nós podemos constatar em nosso cotidiano. Alguém já parou para contar quantas vezes se erra por dia, por mês, por ano? Desses erros, quantos são honestamente assumidos? Quantos podem ser consertados? Quantos causam danos a outros que não nós mesmos?
 
O ato de errar não é o ponto principal do problema. Se existimos e vivemos, acabamos errando uma hora ou outra. Só não erra aquele que vegeta e finge viver, quem não tenta acertar, quem fica impassível e de braços cruzados diante de tudo. Diz a lenda que “mais vale o erro daquele que faz uma tentativa, do que a mesmice daquele que se acomoda”. Os problemas começam de verdade quando acostumamos com os erros e persistimos nele.
 
Ninguém erra de propósito. Estamos sempre em busca de algo, na luta de uma missão a cumprir. Nas várias curvas desse nosso longo e complicado caminho, erros acontecem. É inevitável. Está fora do nosso controle.
 
Assim, temos duas alternativas. A primeira é nos conformarmos com a nossa miséria e incapacidade, tornando-nos reféns dos erros e fracos perante nós mesmos, incapazes de dar a volta por cima. A segunda é sacudir a poeira e tentar acertar naquilo que erramos. É aprender com os erros, para neles não cair mais.
 
Jogadores de futebol erram. Zico errou aquele pênalti nas semi-finais da Copa do Mundo de 1986, no México. Nem por isso foi menos Zico, nem por isso deixou de acertar outras cobranças de pênalti. Einstein errou em várias teorias desenvolvidas no final de sua vida. Nem por isso foi menos Einstein e deixou de ser o grande gênio que todos reconhecemos. Davi errou muito em sua conduta e nem por isso deixou de ser um dos grandes reis de Israel. E por aí vai...
 
Existe um tipo de gente que não erra. São perfeitos, unanimidades. Membros de uma casta superior indiscutível. Posso citar alguns deles, mais do que conhecidos por todos nós. Exemplos não faltam. Adolf Hitler não errava nunca. Benito Mussolini nunca errou. Naquele tempo, os que discordaram disso foram assassinados. Mais erros anotados no placar da história humana.
 
Os governantes erram. A imprensa erra. Até a Igreja já assumiu erros passados. Maridos e esposas erram. Patrões e empregados também erram. Juízes de futebol erram. Professores e alunos erram. Em qualquer lugar em que esteja presente o ser humano, ali se encontrará sempre uma falha, um erro. É coisa nossa. Defeito de fábrica adquirido graças ao pecado original.
 
Será o mundo uma grande oficina de erros? Para os pessimistas, incrédulos e desesperançados, sim. Para nós que temos fé, não. Nós acreditamos na força da misericórdia divina diante dos nossos erros. Cremos na força do Espírito Santo que nos auxilia a dar a volta por cima das nossas falhas.
 
Acreditamos na pessoa de Jesus, que nos perdoa e nos ensina a nos perdoarmos: uns aos outros e particularmente a nós mesmos. Temos em nossa mente a sua palavra viva de incentivo e de amor: “Atire a primeira pedra aquele que nunca errou... Ninguém te condenou? Então nem eu te condeno... Vá e não erres mais...”.
 
Amém.
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