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Publicado: Quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O enlevo do futebol

 

Nunca fui inferir se o futebol seja o mais difundido e apaixonante dos esportes. O que sei é que nas décadas de 50 e 60, europeus que vinham estudar no Brasil, os queridos holandeses acolhidos  ao Seminário do Carmo, usavam como chuteiras, uma bota enorme, alta e chata na frente, parecida com  os famosos sapatinhos de madeira, um dos símbolos identificadores da Holanda, caracterizados por trazerem uma ponteira bem alta. Também tainham os simpáticos amigos o dorso firme e cintura de pouca mobilidade.

Tudo isso mudou...

O futebol se espalhou e se internacionalizou até, e assim países ricos chamam para si os jogadores mais hábeis. Praticamente, muitos deles, se desnacionalizam e pouco se dão à sua terra de origem. A ponto de, em copas mundiais, os meninos nossos ao perderem, como ocorreu na bisonha derrota na final da França, para serem liberados na mesma noite para seus folguedos. Entendo que se sangue tivesse. qualquer brasileiro nessa situação, entraria em pane e até em choro.

Mas, veio a novidade.

2011.

Brasil e Argentina jogariam duas vezes, no prazo de sete dias. Em Córdoba primeiro. Belém do Pará, sabe-se, na próxima quarta feira. Nos dias que antecederam, anúncio da TV maior, por meio do titular de esportes, falavava que os jogos eram praticamente amistosos e que, mesmo assim, era gostoso ganhar da Argentina.

Outra grande novidade e motivo de atração: somente seriam admitidos jogadores atuantes no próprio país.

Não resta dúvida de que nesse particular iria ser atendido apelo que gira de boca em boca, quanto a que seria sempre talvez mais interessante que não se recorrese a jogadores distantes para compor o nosso time. E assim se fez.

Bem, do resto, nem preciso falar, para quem se postou diante da televisão e viu jogadores apáticos e irreconhecíveis. Um jogo em câmara lenta, ao contrário do futebol externo hoje muito mais de força às vezes do que de aptidão. Aquilo de que jogadores exportados, se franzinos demais, recebem alta carga de recuperação e musculação.

Comparadas as equipes - aí uma unanimidade entre comentaristas profissionais - o Brasil seria superior. Quem dominou o jogo no entanto foram os argentinos. Na mais ou menos metade do segundo tempo, o Brasil tinham feito até então só (nossa!) "dois" ataques. Ficou claro um domínio territorial de los hermanos. Acho que todos nós até ficamos cansados e enjoados de ver uma troca, quando havia, de passes e jogadas inconsequentes do futebolzinho mostrado na noite de ontem (quarta, 14).

Não vi ninguem falar ou comentar, mas pensei até que lá no fundo, esse jogo tinha certa chance de compensação diante da derrota infringida por eles ao Brasil, na decisão do basquete. Nessa outra partida, mesmo perdido, os brasileiros cairam de pé e só mereceram encômios, dados o seu empenho, garra e vitalidade. Não fomos porém "vingados" através do futebol. Ao contrário. As duas vitórias argentinas, com as mãos e com os pés, puseram-nos de luto esportivo.

Mas, lá na frente, acontece o milagre!

Entra em campo o Damião - aquele que no Inter na semana anterior tinha feito os três gols do seu time. Hábil, menino, decidido e oportunista como ninguém.

Sim, veio o milagre da "carretilha" aplicada por ele, Damião, com a qual encobriu o adversário (que restou tonto olhando para cima à procura da bola, que para ele tinha de repente e milagrosamente sumido). E ainda finalizou com classe ao encobrir também o goleiro bem adiantado. Bola na trave, explosão do público contudo como se fora o mais belo dos gols. Excepcional visão de jogo. Uma "carretilha" para ficar na história.

A torcida - arquibancadas lotadas - soube ter classe e aplaudiu o menino Damião.

Ufa, devem ter dito os técnicos e auxiliares brasileiros. A gente vai ficar falando e comentando essa jogada de mestre e nem precisa repreender muiito os nossos meninos.

Que Belém nos salve!

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