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Publicado: Segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Difícil Caminho de Volta

Faltavam apenas quinze dias para o casamento e Heloísa estava super ocupada com os últimos preparativos.
 
Talvez por isso não tenha notado que Márcio, o noivo estava mudado, ou melhor, ela até percebeu-lhe certo nervosismo, mas achou que era preocupação com o grande dia que se aproximava e não deu maior importância.
 
Quando ele veio, porém, cheio de rodeios, dizendo que tinha algo muito sério para dizer-lhe, ela começou a ficar assustada.
- Diga logo! Já estou ficando nervosa.
- Eu acho que é melhor cancelar o casamento...
- Você quer dizer, adiar? Mas, por quê? Já está tudo providenciado! Faltam só quinze dias, meu amor!
- Sei que é chocante o que vou dizer, mas não posso levar adiante esta farsa. Eu estou apaixonado por outra mulher. Vou me casar com ela.
 
Heloísa demora em assimilar o que está ouvindo. Não pode acreditar que uma coisa dessas esteja acontecendo.
- O quê???!!!
- É isso ai. Eu não queria magoá-la, mas essas coisas acontecem... estão fora de nosso controle...
 
 Heloísa assimilou com certa dificuldade o que ele dizia, como se ele estivesse falando numa língua estranha, mas, então, uma fúria apossou-se dela e investiu sobre ele com uma saraivada de xingamentos com direito a aliança atirada na cara e tudo:
- Você é um canalha... Ordinário... Sem vergonha... ###...###...###...######.... Suma daqui! Fora! Não quero vê-lo nunca mais!
 
Márcio saiu da casa e da vida de Heloísa. Deixou para ela a desagradável tarefa de suspender a cerimônia, cancelar a festa, desmarcar a viagem, avisar os convidados, devolver os presentes, etc. etc.
 
O pai de Heloísa tinha um grave problema cardíaco. Com a euforia dos preparativos do casamento até que estava passado bem, muito alegre e animado, porém, com o impacto do rompimento, teve uma crise e voltou a passar mal.
 
O irmão ficou furioso:
- Eu mato esse cara
- Mata nada! Deixe de bobagem!
- Pois vocês vão ver! Vou contratar um bandido para fazer o serviço e quando ele aparecer morto com a boca cheia de formigas, ninguém vai saber por que ele morreu!
 
A irmã adolescente sugeriu:
- Eu acho que você devia arranjar outro para ele ver que você não é de se jogar fora.
 
O padre; quando ela foi cancelar a cerimônia religiosa, ponderou:
- Você deve aceitar com resignação. Não se deixe levar pela raiva. Lembre-se de que Deus nunca nos desampara e você ainda pode ser muito feliz.
 
A mãe, meio atordoada tenta confortá-la:
- Tudo passa. Você vai ver. Daqui a uns tempos nem se lembrará mais disso. Há males que vem para o bem!
- Tudo balela! Frases feitas! Coisas que as pessoas dizem quando não sabem o que dizer!
 
Quando voltou ao trabalho notou um constrangimento geral. Ninguém falava com ela no assunto, mas ela sentia a fofoca pairando no ar. Os colegas, gentis, faziam convites, sugerindo encontros, festinhas (como se ela estivesse a fim dessas coisas) e o chefe acabou sugerindo que ela antecipasse suas férias para “descansar” um pouco.
 
Uma noite, sem poder dormir, angustiada, triste e deprimida como sempre, ela resolveu tomar uma bebida para relaxar.
 
Foi só o começo. No dia seguinte voltou a beber e, dai por diante, cada vez mais, procurava o álcool para anestesiar seu coração ferido.
 
Logo o vício começou a interferir no seu trabalho e o chefe, depois de algumas condescendências, outras recriminações, acabou pedindo seu afastamento e ela foi tratar-se em uma clínica especializada.
 
Melhorou. Parecia curada. Voltou para casa. Voltou a beber. Essa sequência repetiu-se inúmeras vezes: Tratamento – Melhora – Reincidência, e ela cada vez mais, descendo o precipício e sentindo-se a última das criaturas.
 
Passado algum tempo, a irmã casou-se e teve um bebê. Heloísa afeiçoou-se muito ao pequeno Tiago. Depois de tanto tempo seu coração abrigava um afeto. Tinha momentos de verdadeira alegria ao lado do sobrinho.
 
Um dia, porém, quando a sua irmã estava numa fila de banco com o Tiago no colo, houve um assalto, correria, policia e de repente um dos ladr&oti
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