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Publicado: Terça-feira, 27 de maio de 2008

O Desencontro do Turismo

 

 

O 1º Encontro para o Desenvolvimento do Turismo no Estado de São Paulo, realizado em Itu, no último dia 13 de maio, serviu para colocar na frente da platéia ituana, alguns dos mais importantes representantes do turismo nacional como o Conselho Estadual de Turismo, a Câmara Empresarial de Turismo da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Associação Brasileira de Agentes de Viagem, SPTuris, AMITUR – Associação dos Municípios de Interesse Turístico, Secretaria de Turismo do Governo do Estado de São Paulo etc. A reunião foi fruto do planejamento e esforço do Conselho Municipal de Turismo de Itu, que, na pessoa de seu presidente, Raul de Souza Almeida, conseguiu o feito de, pela primeira vez, realizar tal evento numa cidade do interior do Estado.

Nem seria necessário repetir, aqui, a importância de uma reunião com pessoas que decidem sobre o turismo no Estado de São Paulo e que estiveram em Itu para ouvir reivindicações das cidades da região, quase todas envolvidas com o turismo.

Todavia, o turismo ituano perdeu o bonde da história e deixou passar uma oportunidade única para debater com seriedade as possibilidades de se criar melhores condições para a cidade e realizar, mais rapidamente, o sonho de se tornar um eficiente e mais lucrativo destino turístico. Na reunião, apenas o prefeito de Itu falou e expôs sobre a infra-estrutura da cidade para receber turistas e de suas atrações e patrimônio histórico, inclusive sobre o futuro trem ligando Itu a Salto com Maria Fumaça e tudo e da navegabilidade pelo Tietê, quando seu odor for eliminado. Pisou na bola ao se referir à Biblioteca Edgard Carone, - Biblioteca da República, quando se enrolou para explicar o seu conteúdo. Mas, no geral, embora sem demonstrar muita intimidade com o assunto, deu conta do recado e conseguiu pincelar o que Itu tem de melhor, inclusive com destaque para o  turismo rural e suas fazendas históricas.

Absurdo mesmo, foi a ausência do empresariado ligado ao “trade” do turismo em Itu. Contamos apenas cinco deles, quando uma vasta gama de donos de hotéis, restaurantes, pousadas, campings, antiquários, artesanato, lojistas etc, deveriam lotar o recinto. Isso demonstra o pouco interesse em se avançar. Ao pé do ouvido, me disseram que eles tem medo de ir a reuniões com membros da prefeitura porque eles só pedem colaboração financeira para feiras, exposições, seminários etc. Dessa forma fica difícil, porque eles é que devem mover a roda. Se os maiores interessados no negócio turismo não participam de um Encontro da qualidade do que aconteceu nas instalações do Sincomércio, a coisa fica difícil. Só reclamar não é uma boa idéia, e quando o Comtur e a Prefeitura de Itu lhes oferecem a possibilidade de um debate sério rumo ao IV Centenário eles faltam.

Em compensação, muitos estudantes dos cursos técnicos de turismo, sempre atentos e curiosos sobre a profissão que escolheram estavam lá, com o apoio dos professores. Triste é vermos autoridades elogiando a presença da juventude, futuro do turismo, e outras coisas bem demagógicas, mas que não explicam direito como eles vão conseguir empregos numa Estância Turística. Quais seriam os projetos para dar empregos a esses jovens? Qual seria o papel deles, como guias de turismo, por exemplo, num Plano Diretor de Turismo? Afinal, isso é o que interessa.

Sobre esse importante segmento, não podemos nos esquecer que dia 10 de maio último, foi o Dia Nacional do Guia de Turismo. A Secretaria de Turismo de Itu comemorou alguma coisa?  Esses jovens receberam alguma homenagem, um bolinho, pelo menos, das autoridades que dirigem o turismo entre nós?

Representantes de outras cidades da região ficaram mudos. Ninguém expôs as qualidades de suas cidades ou fez perguntas.

Por outro lado, o pessoal de São Paulo também deu suas escorregadas. Ou será falta de conhecimento do interior? Eles só falam em milhões de turistas. Que no período da Fórmula 1 todos os hotéis, pensões, motéis tem lotação esgotada. Que, na semana da Parada do Orgulho Gay, cerca de três milhões de pessoas de todo o Brasil e do exterior se concentram ao lado dos paulistas permitindo ao comércio um ganho extra de 250 milhões de reais. Que na marcha com Cristo, no dia de Corpus Christi, mais de um milhão de pessoas desfilam pelas ruas, que, a cada três dias, há um evento em São Paulo, - feira, exposição, seminário, congresso, além dos teatros e shows etc.

Mas, no interior é diferente. Quem vem para cá não quer o agito das praias ou das grandes cidades. Só pensa em sossego e descanso. Por isso, quando um dos empresários de São Paulo mencionou que se uma agência trouxer um ônibus com 40 turistas para uma de nossas fazendas, não haverá como acomodá-los. Nem eu queria ficar numa fazenda histórica com 40 turistas. O espírito é outro. É reunir 4 ou 5 famílias. Sem filas para almoçar ou jantar. Só bate-papo e convivência. Até uma cavalgada numa lua cheia seria possível, com muita paz. Mas ninguém contestou.

Vamos aguardar, agora, a realização de um Seminário específico para o segmento - Políticas Públicas para o Turismo e suas Estratégias – que est&aa

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