Publicado: Quarta-feira, 19 de setembro de 2001
O CARINHOSO PIXINGUINHA
Quem hoje está na faixa dos vinte anos, deve se lembrar de ao menos um grande sucesso do mestre. Durante os anos 80, a Chambourcy exibiu um comercial de tv, no qual crianças se presenteavam com o iogurte chambinho cantarolando CARINHOSO : " Meu coração... não sei porque... bate feliz ... quando te vê ...".
Em 1997, comemoramos o centenário de nascimento, do talvez maior monstro da Música Popular Brasileira : Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, Rei da flauta e do Choro.
Nascido a 23 de abril de1897, numa família de catorze irmãos, Pixinguinha desde muito cedo tomou feliz contato com a música. Seu pai, flautista amador, promovia numerosas serenatas caseiras freqüentadas por seus amigos. O garoto Alfredo permanecia lá, quieto e muito atento às melodias das valsas, choros e polcas. Às vezes, alguém se lembrava que havia passado o tempo de criança ir se deitar, e para lá o mandava. À contra gosto , mas sem nada dizer , Alfredo obedecia. Sua avó exclamava com satisfação em sua língua de antiga escrava: " - Pizindim! " ( bom menino ). Mas, seus amigos preferiram chamá-lo "Bexiguinha", em função das marcas que a varíola havia deixado sobre seu rosto. O tempo misturaria esses dois apelidos, criando o "Pixinguinha", antes mesmo da fama surpreender o então jovem de 19 anos.
Ainda que em 1918, o flautista já fizesse sucesso apresentando-se em bailes, clubes e serestas, encantando a todos com sua flauta mágica, sua principal atividade era integrar a orquestra do requintado Cine Palais (como os filmes fossem mudos, cada cinema mantinha um grupo instrumental improvisando uma espécie de "trilha sonora"). No entanto, tal cinema vinha perdendo sua clientela, devido a terrível epidemia da gripe espanhola. O proprietário do Palais pediu a Pixinguinha que preparasse uma atração diferente, capaz de despertar o interesse do público. O músico convidou mais sete amigos, e juntos constituíram "Os Oito Batutas", verdadeiro frisson na cena cultural carioca daquele ano. Mesmo despertando a fúria dos mais preconceituosos, pois eram um grupo de oito negros tocando na mais elegante rua da capital brasileira, trouxeram à luz do mundo, toda uma cultura musical até então confinada aos morros e subúrbios cariocas. O sucesso do conjunto foi tanto, que no ano seguinte já excursionavam por todo o país, e em dois anos aportariam na França.
Além de sua delirante criatividade ao tocar, Pixinguinha presenteou a Música Brasileira com outras tantas inovações. Foi compositor de gênio, orquestrador brilhante, e, na década de 40, quando obrigado a abandonar a flauta em função dos abusos com o álcool, foi o grande responsável pela popularização do saxofone.
Ser humano maravilhoso, "Pixinga" deixou um legado enorme. A Discoteca Municipal "Newton Costa", localizada à Casa da Cultura (Rua Paula Souza, próxima ao Bar do Alemão) possui interessantes gravações originais, bem como textos que informam mais detalhadamente sobre o músico e seus contemporâneos.
Em 1997, comemoramos o centenário de nascimento, do talvez maior monstro da Música Popular Brasileira : Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, Rei da flauta e do Choro.
Nascido a 23 de abril de1897, numa família de catorze irmãos, Pixinguinha desde muito cedo tomou feliz contato com a música. Seu pai, flautista amador, promovia numerosas serenatas caseiras freqüentadas por seus amigos. O garoto Alfredo permanecia lá, quieto e muito atento às melodias das valsas, choros e polcas. Às vezes, alguém se lembrava que havia passado o tempo de criança ir se deitar, e para lá o mandava. À contra gosto , mas sem nada dizer , Alfredo obedecia. Sua avó exclamava com satisfação em sua língua de antiga escrava: " - Pizindim! " ( bom menino ). Mas, seus amigos preferiram chamá-lo "Bexiguinha", em função das marcas que a varíola havia deixado sobre seu rosto. O tempo misturaria esses dois apelidos, criando o "Pixinguinha", antes mesmo da fama surpreender o então jovem de 19 anos.
Ainda que em 1918, o flautista já fizesse sucesso apresentando-se em bailes, clubes e serestas, encantando a todos com sua flauta mágica, sua principal atividade era integrar a orquestra do requintado Cine Palais (como os filmes fossem mudos, cada cinema mantinha um grupo instrumental improvisando uma espécie de "trilha sonora"). No entanto, tal cinema vinha perdendo sua clientela, devido a terrível epidemia da gripe espanhola. O proprietário do Palais pediu a Pixinguinha que preparasse uma atração diferente, capaz de despertar o interesse do público. O músico convidou mais sete amigos, e juntos constituíram "Os Oito Batutas", verdadeiro frisson na cena cultural carioca daquele ano. Mesmo despertando a fúria dos mais preconceituosos, pois eram um grupo de oito negros tocando na mais elegante rua da capital brasileira, trouxeram à luz do mundo, toda uma cultura musical até então confinada aos morros e subúrbios cariocas. O sucesso do conjunto foi tanto, que no ano seguinte já excursionavam por todo o país, e em dois anos aportariam na França.
Além de sua delirante criatividade ao tocar, Pixinguinha presenteou a Música Brasileira com outras tantas inovações. Foi compositor de gênio, orquestrador brilhante, e, na década de 40, quando obrigado a abandonar a flauta em função dos abusos com o álcool, foi o grande responsável pela popularização do saxofone.
Ser humano maravilhoso, "Pixinga" deixou um legado enorme. A Discoteca Municipal "Newton Costa", localizada à Casa da Cultura (Rua Paula Souza, próxima ao Bar do Alemão) possui interessantes gravações originais, bem como textos que informam mais detalhadamente sobre o músico e seus contemporâneos.
Comentários