O amigo oculto

O amigo oculto

            Todas as manhãs pãezinhos chegavam fresquinhos na cozinha da empresa onde eu trabalhava. Funcionários, como eu, de diferentes setores (redação, administração, recepção, artes gráficas, faxineiras, office-boys, entre outros), chegavam para o dia de trabalho direto para a cozinha, tomar seu café com os deliciosos pãezinhos.

            Alguns até perguntavam de qual padaria eram os pãezinhos, mas não havia muito interesse nisso. Outros achavam que assim como o café era cortesia da empresa. E isso se deu por muitos anos. Fazendo sol ou chuva lá estavam eles para alegria dos degustadores.

            Aconteceu certa vez, que o cesto estava vazio. Todo mundo sentiu falta mas, ninguém reclamou, ninguém disse nada... No outro dia lá estavam os pãezinhos novamente.  E assim se sucedia até que, houve espaços de dias surpreendentes, sem o produto esperado. Um  dos colegas tomou a iniciativa e foi falar com a gerência da empresa sobre a falta dos pãezinhos, porque, segundo ele os pãezinhos era gentileza da diretoria. Qual não foi seu espanto ao saber que o gerente desconhecia de quem era essa gentileza.

            Todos, uns perguntavam aos outros e respondiam nada saber sobre essa delicadeza  e aconchego.

            Pergunta aqui, pergunta ali como verdadeiros investigadores, chegaram no “criminoso”. Foi o amigo Toni! Sim, Ele estava afastado do serviço por motivos graves de saúde.  Ele todas as manhãs fazia questão de oferecer esse carinho aos colegas. Nunca disse a ninguém, mas ninguém nunca perguntou. São esses pequenos mimos que engrandece o coração de quem os dá e de quem os recebe. Pequenos gestos de carinho não tem preço tem sabor de gratidão.

            Toni Nunes partiu. Deve estar agora oferecendo pãezinhos aos funcionários humildes que encontrou pelos corredores do céu...

Ditinha Schanoski