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Publicado: Quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Novo corte da Selic - O que muda para 2018?

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu reduzir a taxa de juros de 7,00% para 6,75% ao ano, confirmando as expectativas do mercado. Para respaldar a decisão, o comunicado divulgado apontou a recuperação “consistente” da economia brasileira, o cenário externo “favorável”, apesar da volatilidade recente, e os níveis “confortáveis” dos núcleos de inflação, em um contexto no qual o cenário básico evoluiu conforme o esperado pelo colegiado desde a reunião de dezembro. As projeções do Banco Central para o IPCA de 2018 e 2019 estão em torno de 4,2% considerando-se as hipóteses de câmbio e juros do mercado (6,75% no final deste ano e 8,00% no encerramento de 2019). O comunicado reforça a expectativa de fim do ciclo de queda da Selic, o que contempla, naturalmente, a continuidade da retomada gradual da atividade, sem aumento das pressões inflacionárias e com cenário global benigno.

Ultimos relatóriosde Inflação indicou que o ciclo de corte de juros, apesar de estar mais próximo do final, pode avançar um pouco mais. As projeções de inflação no cenário que considera as projeções do Focus para câmbio e juros são de 2,8% em 2017 e 4,2% em 2018 e 2019. Em relação às projeções divulgadas na última ata do Copom houve uma redução de 0,1 p.p. na projeção para 2017, enquanto a do próximo ano ficou estável. Nas projeções que consideram câmbio e juros constantes as estimativas para a inflação ficam em 4,0% para 2018, 4,1% para 2019 e 4,2% para 2020. Por fim, as estimativas para inflação dos próximos três meses estão em 1,30% e deve haver nova surpresa de baixa nesses números. Nosso cenário base contempla mais uma queda de juros em fevereiro, para 6,75%, mas reconhecemos que há risco assimétrico para mais quedas, em virtude do cenário de inflação mais favorável.

Ha um cenário baixista para o cenário de inflação e estabilidade para as projeções de 2018 e 2019. Considerando o modelo do BC que utiliza as expectativas de mercado como insumo, a inflação seguirá abaixo do centro da meta durante os próximos dois anos. Além disso, o BC voltou a reforçar a mensagem da evolução positiva da inflação de serviços, inclusive atribuindo a este grupo as surpresas recentes com a inflação corrente. O IPCA-15 de dezembro também corroborou a leitura de um cenário benigno para a inflação, ao registrar variação de 0,35%.

Sinais de recuperação se acumulam, ainda que o tom seja de gradualismo. As vendas no comércio varejista, que incluem veículos e materiais de construção, cresceram 2,6% nos últimos doze meses encerrados em novembro. No mesmo período, a receita de serviços teve alta de 1,0%. Com trajetória semelhante, indicadores industriais, vendas de papelão ondulado, fluxo pedagiado de veículos e vendas de cimento também reforçaram o cenário de retomada.

O cenário benigno de inflação e a recuperação gradual da atividade não alteraram a percepção quanto à taxa de juros.

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