Colunistas

Publicado: Sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Nova Vida Após 40 Anos

Após as solenes e vibrantes comemorações dos 40 anos da Diocese de Jundiaí, celebrados no dia 7 de janeiro passado, desejo conclamar o meu clero e os meus diletíssimos diocesanos para tempos novos na vida pastoral. A caminhada de um ano que fizemos para chegar a esta celebração, composta não só de festas, mas também de muito trabalho, de revisões, estudo, assembléias, chega a termo nesta data como rampa de lançamento para novos e ardorosos esforços na evangelização. Depois de quatro décadas, a Diocese já se encontra madura para atingir novos horizontes. Durante todo o ano que finalizamos com esta celebração, foram realizadas atividades variadas nas paróquias ao redor da imagem peregrina da Padroeira, visando despertar o senso missionário nos fiéis. Sobretudo demos, juntos, ao início do ano das comemorações, um passo significativo que foi assumir a Igreja de Marabá, na Amazônia, como Igreja-Irmã, enviando para lá os nossos dois primeiros missionários.
 
Na verdade, a Epifania que marca o início da história diocesana de Jundiaí é festa eminentemente missionária, pois diante dos magos que não pertenciam ao povo judaico, pela vez primeira, o Senhor se dirigiu e se apresentou a todos os povos. São Leão Magno ensinou: Do oriente e do ocidente refulgiu o nascimento do verdadeiro Rei, porque os reinos orientais aprenderam dos Magos as verdades da fé e nem mesmo ao Império Romano ficaram ocultas (Sermão 32,1). Estas palavras de São Leão Magno estão em plena sintonia com as últimas expressões de Cristo registradas pelos evangelistas Mateus e Marcos: Ide por todo mundo e pregai o evangelho a todas as criaturas (cf. Mt 28,19-20 e Mc 16,15-16).
 
A população que à época da fundação da diocese não chegava a 300 mil habitantes, hoje passa de um milhão. Para atendê-los, nossos Pastores não descuidaram de providenciar ministros ordenados e agentes leigos em número suficiente para exercer a missão. Se quando foi instalada a Diocese contava com apenas 16 presbíteros seculares e cerca de 20 religiosos, hoje são 77 padres e mais de 35 os religiosos e a partir de 1987, foram ordenados mais de 90 diáconos permanentes. Eram 19 paróquias, hoje são 60. O investimento e a confiança depositados nos vários movimentos eclesiais de leigos foram básicos para que as pastorais se organizassem com pessoas bem preparadas catequética e espiritualmente, amorosas a Deus e à Igreja. A atenção aos pobres que resultou na fundação de várias obras da autêntica caridade e de pastorais sociais, os investimentos contínuos na formação catequética de nossos leigos, o cuidado com as comunicações e tantas outras iniciativas realizadas são básicos para a missão que prosseguiremos agora com novos passos.
 
Tendo nascido nos primeiros momentos após o Concílio Vaticano II, esta nossa Igreja Particular terá sempre muito viva em sua memória as palavras do Decreto Conciliar Ad Gentes, número 9: A atividade missionária é nada mais nada menos que a manifestação ou Epifania do plano divino e o seu cumprimento no mundo e em sua história. É nela que Deus realiza publicamente a história da salvação. O Papa Paulo VI, fundador desta Diocese, ao visitar Sydney em 1970, afirmou: Quis Deus necessitar dos homens para difundir seu Evangelho, para dispensar sua graça, construir seu reino... A cada membro da Igreja é dirigido este apelo comum, pois que toda a Igreja é missionária, já que a atividade missionária... é parte integrante de sua vocação e esquecê-la ou desempenhá-lo com negligência seria, de nossa parte, infidelidade ao nosso Mestre.
 
Passo significativo neste ano de celebrações demos na VII Assembléia Diocesana de Pastoral, realizada dia 18 de novembro passado, quando escolhemos a Dimensão Missionária como prioridade pastoral para o próximo triênio. Esta medida que Deus nos inspirou, certamente poderá significar um grande avanço em nossas paróquias e comunidades, uma vez que a missão se concretiza não só em ir para longe, mas também em realizá-la incessantemente ao nosso redor. O projeto diocesano de evangelização que resulta desta opção procurará capacitar agentes para ir ao encontro daquelas pessoas que não sejam freqüentes às nossas paróquias e, além disso, ir até mesmo ao diálogo com as pessoas que tenham abandonado nossas fileiras para aderirem às variadas propostas religiosas surgidas ultimamente. Cada um deve ter a consciência de que é honroso e necessário levar Cristo aos outros e levar outros a Cristo. Quem pode, tenha a coragem de deixar tudo e ir para longe, onde Cristo ainda não é conhecido ou não é suficientemente amado; mas quem não pode, seja missionário no jardim onde Deus o plantou. O exemplo de São Francisco Xavier encoraje os primeiros e a determinação de Santa Teresinha do Menino Jesus anime os segundos. Sem dúvida, é encantadora a oração desta jovem santa carmelitana: Sinto-me com a vocação de guerreiro, de sacerdote, de apóstolo, de doutor, de mártir. Enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar por ti, Jesus, todas as obras mais heróicas... Compreendo que só o amor faz agir os membros da Igreja e que se o amor viesse a se extinguir, os Apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os Mártires recusariam derramar seu sangue.
 
A opção pastoral que assumimos a partir desta comemoração dos 40 anos, é motivo de alegria para os nossos corações que continuam recebendo a luz benfazeja da Epifania, local litúrgico de onde nasceu a Diocese de Jundiaí.
Comentários