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Publicado: Sábado, 31 de janeiro de 2009

Nova Missão

Após cinco anos de feliz convivência com a querida Diocese de Jundiaí, o Santo Padre Bento XVI desejou nomear-me Arcebispo de Juiz de Fora, no Estado de Minas Gerais. Ao mesmo tempo em que expresso ao Beatíssimo Padre os meus mais sinceros e profundos agradecimentos pelo gesto de confiança e imerecida distinção à minha singela pessoa, sinto-me impulsionado a dizer aos meus amados atuais diocesanos que sentirei saudades e que ter sido Bispo desta extraordinária Igreja Particular de Nossa Senhora do Desterro foi para mim uma graça divina e um privilégio que marcará indelevelmente a minha vida.
 
Durante dois meses ainda estarei administrando a Diocese jundiaiense, até o ato de posse na nova sede, estabelecido para o dia 28 de março próximo, celebração para a qual, desde já, tenho a satisfação de convidar a todos.
 
Ao dar minha resposta positiva de aceitação e assentimento a esta decisão do Sucessor de Pedro, manifestei-lhe, mais uma vez, a minha plena disposição de continuar a servir a Santa Igreja, da melhor forma que eu possa, naquilo que ela me pede.
 
Renovo, diante de Deus, minha fidelidade ao Magistério de Sua Santidade, expressando-lhe minha admiração e filial adesão ao seu governo pastoral. Já supliquei sua especial bênção para que, neste novo ministério a que ele me conduz, eu possa exercer sempre com maior dedicação e empenho o trabalho apostólico em favor da seara do Senhor, a quem tenho procurado servir de coração sincero e ardoroso.
 
Ao acolher amorosamente este novo serviço a que a Santa Igreja me chama e envia, inspiro-me nas palavras dos Santos Evangelhos, básicas para o fiel exercício do apostolado. Consola-me a expressão de São Marcos, que ao descrever a escolhas de Cristo, diz que “chamou os que Ele quis” (cf. Mc.3,13), pois assim se conclui que a obra é inteiramente do Senhor e não nossa.
 
Encoraja-me o despojamento exigido por Cristo a seus apóstolos: “Não leveis nada pelo caminho, nem alforje, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas” (Lc. 9,3-4), pois se compreende que a única riqueza do apóstolo é Cristo e só ser-lhe-á possível realizar a obra proposta, se ele for inteiramente de Cristo, à semelhança de Paulo que afirmou: “Meu viver é Cristo” (Fil.1,21), “Sei em quem pus minha confiança, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até o fim” (II Tim.1, 12); e ainda: “Tudo posso naquele que me dá força.”(Fil.4,13).
 
Para quem deve iniciar novo caminho no serviço ao Senhor, a oração sacerdotal de Cristo, registrada no evangelho de João é força renovadora e tônico de esperança, pois o Senhor reza pessoalmente por aqueles que o Pai lhe deu e que Ele enviou. (cf.Jo.17) A busca da unidade é meta proposta pelo Mestre e torna-se o discípulo um batalhador para que “todos sejam um” como Cristo e o Pai são um. Em consonância, ensina Paulo aos Coríntios que na Igreja “há muitos membros, mas um só corpo” (I Cor. 12, 20).
 
No evangelho de Mateus, sobressai a ordem do Senhor Ressuscitado: “Ide por todo mundo e ensinai todas as gentes...”, e a animadora garantia de sua presença junto ao discípulo missionário: “eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos” (cf. Mt.28.20).
 
A data da nomeação, no dia 28 de janeior, coincide com a memória litúrgica de Santo Tomás de Aquino, um dos maiores luminares da história da Igreja, cujos estudos e lições prestaram e continuam prestando extraordinário serviço no conhecimento da Verdade que é Cristo e no uso da razão para o aprofundamento da fé. Quanto a isto, diz a Encíclica Fides et Ratio: “Dentre os vários serviços que ela (a Igreja) deve oferecer à humanidade, há um cuja responsabilidade lhe cabe de modo absolutamente particular: é o da diaconia da verdade.” (F.R.2)
 
Ao assumir esta nova missão na Igreja de Deus, suplico a intercessão do Doctor Angelicus para o exercício eficaz deste serviço à Verdade, que nas funções que agora assumo, sou chamado a promover ainda com mais denodo, ensinando ao Povo de Deus pelos caminhos da fé e pelas vias da razão.
 
O ministério arquiepiscopal representa um serviço à Igreja de Jesus Cristo e aos demais irmãos bispos, uma vez que inclui a administração, dentro dos limites canônicos, de uma Província Eclesiástica. Com efeito, ensina o Direito Canônico que “Para se promover a ação pastoral comum de diversas dioceses próximas, de acordo com as circunstâncias de pessoas e lugares, e para se estimularem as relações dos Bispos diocesanos entre si, as Igrejas Particulares mais próximas sejam reunidas em províncias eclesiásticas, delimitadas por território determinado” (Cân. 431)
 
Ensina ainda que “Preside à província eclesiástica o Metropolita, que é o Arcebispo da diocese que governa; esse ofício está anexo à Sé episcopal determinada ou aprovada pelo Romano Pontífice”. (Cân. 435)
 
Aos meus novos diocesanos juizforenses, envio, desde já, minha saudação e minha bênção, e a todos, daqui e de lá, suplico a caridade de orarem por mim, para que eu possa ser, em tudo, fiel, nesta nova missão a que o Senhor me envia.
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