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Publicado: Sexta-feira, 15 de julho de 2005

Nós, mulheres!

Engraçado como tenho reparado nas mulheres e na sua atual forma de vida. Minha leitura começa a partir da minha própria experiência, ao me observar ensinando minha filha a ser mulher. Não a partir do que eu falo, mas através de minhas ações. Curioso, e um pouco triste, quando percebo que ensino muitas coisas exatamente contrárias ao que eu gostaria de ensinar.
Queria ensinar à minha filha de 12 anos que desabrochar mulher é um processo lento, lindo, impermanente e eterno. Mas muitas vezes, perdida em meu atribulado cotidiano, ensino que ser mulher é fazer milhares de coisas, sem tempo para silenciar, parar e respirar.
Queria ensinar à minha linda filha, menina-moça, que ser do sexo feminino não significa que ela se tornará uma verdadeira mulher. Será necessário aprender sobre o feminino da lua, o masculino do sol e o casamento da luz com a sombra, para aprender a ser quem ela realmente quer ser. No entanto, muitas vezes, ensino-a a ter atitudes formais e padronizadas, fazendo o que os outros esperam por não saber dizer não.
Queria ensinar como é bonita a cumplicidade do feminino, quando as mulheres se juntam não para competir, mas para celebrar a beleza e a força de cada uma, de mãos dadas para suportar as dores e compartilhar as alegrias. E muitas vezes, sem querer ensino através do meu barulho interior, que não me permite abrir um espaço para acolher e valorizar a beleza da minha filha, que brilha a cada instante.
Nós, mulheres, quanta imperfeição! Quantas culpas, desculpas, quantas dores de existência! E também, quanta vontade de acertar e de curar o mundo!
Posso não ser a mulher que eu gostaria de ser, mas isso não impede que eu seja um dia.
Posso não ser o exemplo que eu gostaria de ser, mas isso não quer dizer que nunca serei.
Nós, mulheres! Como precisamos aprender a voltar para casa, parar de correr, ficar em silêncio! Como precisamos aprender a largar o relógio e a lista de supermercado! Troquemos as contas de luz por alguns momentos de luz. Raros e sublimes.

Hoje, curiosamente recebi um texto com o título “Mulheres Maravilhosas”, que terminava assim: “Ainda perguntam por que é que as mulheres vivem mais... e são tão MARAVILHOSAS? PORQUE SÃO MAIS FORTES... FEITAS PARA RESISTIR..”.

Hum... no primeiro impulso me vangloriei internamente por ser assim. Depois percebi a grande armadilha. É preciso acordar. Ser menos maravilhosa e mais feliz. Cultivar nossa força, não para resistir e sim para espalhar suavidade. Não precisamos ser melhores do que ninguém, nem provar para os filhos, maridos, pais, amigos e chefes que somos maravilhosas. E nem para as outras mulheres. Precisamos apenas aprender a viver respeitando o nosso ser e alimentando a nossa alma. É isso que nós, mulheres do século XXI, precisamos aprender urgentemente.Comecemos pelo primeiro passo: você dedicou alguns minutos do dia de hoje pra si mesma?

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