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Publicado: Quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Noites Escuras da alma

Crédito: Banco de Imagens Noites Escuras da alma
Não há como voar sem perder algumas penas...

Há momentos na vida que as asas da alma se vestem de preto, e o leve vôo de promessa repousa semi-esquecido em terra arenosa. 

São as noites escuras da alma. O manto pesado engasga o canto, deixando rastros de uma história inacabada, uma curva virada na esquina do silêncio.
Noites escuras da alma, aquelas que nos pedem total aceitação e entrega aos caminhos do destino, sem julgar ou querer, apenas derretendo o gelado do frio.

Noites escuras da alma, aquelas nas quais mergulhamos no profundo abismo que separa o querer do poder. Ficamos no intervalo: olhando para trás, tudo o que foi e jamais voltará e para frente, uma incógnita sem rastros.

Nas noites escuras da alma visito a sombra da minha luz, que parece ser muito maior do que eu.

O caminho da liberdade passa necessariamente por estes becos sem saída e negros. Não há como voar sem perder algumas penas.

É o luto! Não apenas o da morte física que deixa a presença da ausência. É o luto da escolha que a vida convida, deixando um gosto amargo de vazio na emoção. Mas a luz nasce da escuridão. Que eu nunca me esqueça disso!

É preciso muitas vezes mergulhar nestas noites escuras da alma para emergir ancorado nos pés descalços. Trilhar o próprio caminho sem máscaras, pé na terra e voz na estrada.

Um caminho para quem escolhe, não para os escolhidos. A cada um é dado talentos e desafios. E o livre arbítrio. E a própria vida, que vem sem manuais ou garantias. O que fazer com o nosso poder de escolha? Esquecer ou escancarar? Esconder ou revelar? Encarar ou abafar? Acomodar ou desafiar? Pedir ou agradecer? Reclamar ou perdoar?

Exatamente nestas encruzilhadas é que somos visitados pelas noites escuras da alma. Nossa capacidade de desapego é testada em todas as direções. Memórias, histórias, desejos, hábitos, crenças, medos, certezas... Tudo entra no rodamoinho da transformação.

Noites escuras da alma. Dor na emoção. Túnel sem luz. Perguntas sem fim. Trevas sem ar.

Mas... a luz nasce na escuridão! Que eu nunca me esqueça das sementes, dos beija-flores, das forças do bem, do céu azul, das sincronicidades, do amor, do poder do coletivo, da música. Que eu nunca me esqueça!

Porque depois de noites escuras da alma, o dia há de amanhecer! E, quem sabe, eu possa renascer das cinzas como a Fênix e voltar a brilhar como o sol!
 

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