Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Negro na USP é branco?

Vendo o barulho justo e a indignação legítima do abuso que o policial cometeu na USP, fico imaginando se os alunos de escola pública, mesmo os brancos, sofrem diariamente nas escolas públicas de São Paulo.

O Governador até criou uma Ronda Escolar, que é a Polícia Militar autorizada e empenhada em entrar na escola pública para resolver conflitos entre alunos e professores. Pais também, quando se atrevem a contrariar a direção e as professoras, tem a Ronda Escolar para aterrorizá-los.

Problema na escola tem que ser resolvido na escola. Problema de disciplina tem que ser resolvido com medidas pedagógicas.

Toda vez que uma corporação interfere na disciplina de outra é porque uma está equivocada e a outra falida. No caso a Secretaria de Segurança está equivocada e a Secretaria de Educação está falida.

Negro no tempo da escravidão era considerado uma criatura sem alma e propriedade dos senhores que os compravam. Resquício que vem sendo cultivado dentro das escolas públicas, onde professor tem sempre razão e aluno calado está errado.

Os alunos que contestam, os que cobram, os criativos, os mais inteligentes, os líderes e, portanto os mais difíceis, são expulsos da escola pública pela incapacidade dos maus professores. Com a força da Ronda Escolar, Polícia Militar, todo mundo acha normal.

O educador, esse não tem problema com aluno; ele não fica medindo força com aluno, nem discutindo. Não tem que mostrar que é melhor que o aluno, ele respeita e é respeitado, sabe gerenciar com as divergências com um pé nas costas.

O educador não tem espaço na escola pública. Ali é o paraíso daqueles que se acham os donos da escola, os senhores do pedaço, os alunos seus vassalos.

Então quero saber qual a diferença entre o abuso que sofreu o aluno na USP e os abusos que sofrem diariamente os alunos de escola pública.

Comentários