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Publicado: Segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Não sabia, nem estava envolvido?... Pobre inocente!

“Fui traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento”, é uma frase de efeito momentâneo, mas carece entretanto de autenticidade, se recordarmos as declarações do próprio presidente, dadas há muito tempo à T.V. Globo e a outros veículos de comunicação e imprensa, ( talvez no começo do ano 2.000 antes das eleições) quando depois de uma importante reunião de cúpula ou assembléia do P.T. de que era presidente de Honra e se discutiu ou se discutia se o mesmo devia ou não aliar-se ao P.L. ( símbolo e expressão do que é democraticamente retrógrado , afinal retrato de tudo aquilo que o próprio P.T. autêntico combatia). Segundo recordo, disse então o candidato por 4ª vez consecutiva à presidência da República, Lula da Silva, quando respondia à pergunta de um jornalista ou repórter que referenciava a aparente incoerência da aliança do P.T. com o P.L., dada a diametralmente oposta ideologia ou prática de ambos os partidos, para concorrerem unidos às novas eleições. Quem converteria a quem? Disse Lula: “estou cansado ou farto de concorrer 3 vezes como candidato à presidência da república e perder! Não há como ganhar a presidência com esse esquema, forma, estratégia, ideologia, rigor das normas e práticas petistas tradicionais. Precisamos da Aliança para vencer ! ” Os termos ou palavras exatas da declaração poderão ser encontradas nos arquivos das TV, dos jornais e revistas da época pré-eleição, ( provavelmente no fim de 1999 ou começo de 2.000) pois recordo perfeitamente ter assistido pelo noticiário da TV Globo o recheio e sentido das expressões ou declarações acima.

O que desejo ressaltar, nessas expressões do Lula ainda candidato, é sua incoerência e inconsistência. É já sub-liminar e objetivamente a aceitação tácita e explicita das regras “corruptas e corruptíveis” tão criticadas pela ética e a boa conduta. Já naquela altura namorando coniventemente, como princípio e prática para a “vitória”, aquilo que hoje diz condenar e repudiar nos que o “traíram”. É já dúbios fins justificando meios. Com essa atitude dava então absoluta carta branca para a ação dos que foram escolhidos por ele e a quem delegou poderes! Portanto não há como aceitar essa inocência que o leva a dizer ou qualificar em peremptória frase ter sido “traído por práticas inaceitáveis” que afinal tinham o seu beneplácito público desde os tempos de candidato. Onde estão os nomes dos traidores? O verdadeiro arrependimento, o repúdio a seus próprios enganos e equivocações, deveria liberá-lo para expor à execração pública esses que segundo ele próprio o traíram. Se tivesse realmente a coragem de aceitar e enfrentar as óbvias conseqüências de sua propalada inocência, conivência, omissão ou alheamento, diria alto e bom som o nome dos seus traidores que são também traidores da pátria, não apenas do sr. Presidente da República. Desta forma caberia a pergunta?: Quem traiu a quem?

O que ressalta desta análise serena, pragmática e independente é o que mostra claramente a insegurança, talvez pretensa esperteza, do reticente ego ou caráter oportunista do senhor presidente da república, desrespeitando um povo crédulo e generoso que o elegeu, mas que também sabe pensar e sentir: o que Lula queria, segundo suas próprias palavras era ser presidente do Brasil a qualquer custo, não alcançar o honroso e desafiante cargo através dos processos democráticos estabelecidos pela constituição do país, honrar os princípios sagrados da democracia do Brasil ou do contrato social, não o testemunho de obediência às regras da decência e do bem comum, da honra pela prática da honestidade em todos os seus quadrantes. O seu ego ou o seu entendimento ou concepção do que era prioritário, estava em 1º plano! O PODER e a perpetuação no PODER foram colocados em 1º plano desde o começo! Comprou-se a chance do Poder por dez milhões! E ganhou o PODER! Que bela democracia, que se pode manejar com o voto do analfabeto e o poder de milhões, angariados vá saber-se onde e como ! . . . A honra, a verticalidade, a oportunidade de construir exemplar perfil, tornar-se guia e luz para a nação, foi equivocadamente desrespeitada e inapelávelmente desaproveitada. O Brasil de Lula foi lamentavelmente, desde o começo, colocado em 2º plano ! ! !

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