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Publicado: Quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Não há respostas às tantas perguntas?

Não temos todas as respostas,
Podendo fazer todas as perguntas,
Uma a cada vez ou todas juntas,
Acaso argutas, honestamente postas ! . . .

Agraciados somos com potencialidade de lucidez, graça e bondade da dádiva da dúvida, em consciência e livre arbítrio, ápice evolutivo do pensamento, depois que a “autoridade patriarcal” nos permitiu sentir e “SER” dignamente, o que sem identificação, introspecção, independente pensar, responsabilidade e profunda coerência, justas e perfeitas, jamais apropriadamente se exerce, define ou alcança! . . .

Livre arbítrio, razão, dignidade, realização, guia e salvo-conduto, padrões de civilização, inspiração e bálsamo dos bons e bem intencionados. Ideais que bem exercidos e interpretados, tantas vezes na ausência de Justiça, ocasionalmente ainda resultam irônica e incoerentemente na própria condenação e execração de quem os vive na intimidade de sua consciência e no testemunho de sua digna vida. Os iluministas, - aqueles que tão bem pensaram a ética, a educação, a liberdade, o progresso, a democracia republicana, o Contrato Social, os direitos e os deveres, a vital essência: a dignidade humana! - iluminadamente os ressaltaram como padrões, a razão de ser, bens supremos da sociedade evoluída, ideais dignificantes do cimo evolutivo, aspiração da inteligência e caráter humano. Padrões aqui ou ali questionados como sonhos, argüidos, dissecados, incrivelmente quase esquecidos, como infelizmente presentemente o são, intencionalmente mal interpretados, distorcidos, negados, desrespeitados, conspurcados por ondas de ignorância, de inconscientes, maldosos, preguiçosos egocêntricos de ambições desmedidas, mentirosos, dolosos políticos, obtusos e poderosos calculistas.

As brilhantes facetas e respostas na obra transcendente de figuras luminares e portentos do calibre de Michel Ângelo, Erasmo de Roterdam, Thomas Moore, entre tantos dos renascentistas, não foi apenas lampejo ou mera revelação do espírito criador evolutivo do Renascimento, mas perspicácia e aguda percepção crítica exemplarmente expressa na capela sistina ou no “Elogio da Loucura”, lúcidas interpretações que permanecem pedagogicamente tão vivazes e atuais como nunca. Nesse aspecto do comportamento e da sociologia do egocentrismo humano, as coisas não avançaram ou mudaram muito.

Fatores, que ante a escatológica falência de um cristianismo e religiosidade de diversas religiões, de fórmulas, ritos, rituais, pomposas cerimônias, acefalia de ação e testemunho, lutas fratricidas, conluios históricos inconfessáveis, têm remetido a humanidade a um pragmatismo amoral profano de alternâncias em perdas e ganhos ou balofas promessas de salvação e premio no além post-mortem. Milagrosamentecontudo, superações, algum progresso, ideais daí sugiram, luz, redenção, reflexão, dignidade, bençãos da razão e do espírito lúcido, legítima busca, discernimento, equilíbrio e coerência, numa humanidade ainda carente e ansiosa de treinamento, conhecimento, educação básica, arcabouço cultural alicerçado e ambicionado em ampla educação do caráter, acurada bússula orientadora, convictas definições e valores. Refrigério da alma, consciência sã, liberdade e igualdade dadivosa e franca a produzir milimétrica e restrita fraternidade, conscientização, inteligente e adequado uso de bens, legítima vocação, dons, consciência de potencialidades, justiça e lealdade democrática republicana. Óbvia e indubitavelmente tornaram-se fatores herdados da inspiração ocidental cristã, motivadora da epopéia iluminista.

Apesar de tudo isso, dessa musical compreensão celestial do sonho humano, o que tanto gratifica nosso sempre ansioso espírito, bençãocontudo que não garante por si só aplauso, respeito ou sucesso social, ético, constitucional ou jurídico na vida prática do cidadão comum, dotado ou meramente privilegiado, se não houver profunda consciência individual e coletiva da inter-dependência, visão ampla e global da riqueza alicerçada em cima do “capital educacional” adquirido e a adquirir pelos indivíduos e da totalidade identificada a esse vital postulado da vida institucional da nação. Sem padrões cristalinamente definidos, na legislação e no exemplo de próceres, autoridades, e autarquias, o cidadão atônito, despreparado, sem ambiente ou atmosfera estimulante de crescimento moral ou material, ante a crua realidade, confunde valores, rumos, esperanças, temores e horrores.

Em meio ao denso mistério, verdadeiro “ministério” das impossibilidades, resquícios da contínua, indomável, secular irracionalidade e estupidez humana, presentes na longa e árdua noite dos tempos e múltiplas civilizações, profusos, indômitos e corriqueiros fatores, envoltos sempre em grossa crosta de crassa ignorância ufanamente reinante, persistente, agudamente ativa e dominante, com imperante, irrestrita dimensão e intensidade, constata-se a completa desesperança e descrença quanto ao fator civilizador da humanidade, segundo afirma convictamente o economista e estudioso John Gray . Eis o ponto e contra-ponto da descontinuidade e mau aproveitamento das conquistas positivas, das leis, tantas vezes trôpegas contrapondo-se entre si, da economia dos povos, dos avanços da física, da medicina, da eletrônica, da informática, da psicologia, da sociologia eivada de competitividade e semeada de meros ciúmes na irracional paixão política de partidos sem ideologia, ou de ideologia obtusa, deformada ou mal interpretada, sem noção das prioridades, alastrando-se incessantemente no mundo e vastíssimo sub-mundo de inabaláveis inconsciências, inconsistências, aparentemente dóceis, mas realmente frias, cruas, rudes, insensíveis. O mecanismo egocêntrico da sofreguidão, possessão e poder torna-se sistema, passa a dominar e estimular indoles e mentes empolgadas de fanatismo endêmico e ignorância, mera aquiescência, comodidade, radical obstrução ou conivência , - a grande deusa do atraso constantemente presente, - por indução, acefalia vocacional, conveniência, interesses inconfessáveis, ambições míopes ou vesgas de exaltados egos ou retrógrado pensar, mentes reunidas invariavelmente, quase todas, em total inconsciência, subjugado preito e vassalagem ao ego impatriótico e utilitário, submissas, sempre predispostas e solícitas ao oportunismo e à vantagem, bajuladoras, defendidas e protegidas sempre por inventados, intrincados e treinados “esotéricos processos”, quanto calculados e rudes mecanismos protetores,

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