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Publicado: Sexta-feira, 15 de agosto de 2003

NÃO GOSTO DE ANTIGUIDADES! DETESTO COISAS VELHAS!

Todos já ouvimos alguém se manifestar com alguma destas frases, ou algo parecido, quando mencionamos alguma peça que possuímos, sobre algo proveniente de herança de família ou, ainda, quando falamos sobre uma visita a um antiquário.
   Será que realmente existe alguém que não goste de coisas antigas?
   Então, por que é comum as pessoas fazerem questão de nos mostrar, com orgulho até, as fotos de seus antepassados, zelosamente guardadas, com anotações de datas, locais, grau de parentesco, etc?
   Outras exibem suas coleções de revistas em quadrinhos, informando com exatidão, como e quando começaram a colecioná-las e, não raro, reagem energicamente quando alguém temerariamente lhes pede um exemplar, ainda que emprestado.
   E aqueles brinquedos de metal e de corda, que mesmo arranhados estão expostos em local especial na sala de visitas ou no escritório de seu possuidor, cada um tendo sua própria história, quem o deu, em que ano, em que data festiva, etc.
   Quando questionadas sobre porque guardar tantas coisas velhas apresentam as mais variadas razões ou pretextos, em sua totalidade fortemente emocionais, porque sua simples posse alegra-lhes o intimo por trazerem consigo alguns momentos inesquecíveis.
   Assim também são aquelas pessoas que visitam museus, lojas de antiquários e feiras de antiguidades em busca de algo antigo, belo, delicado, nem sempre útil, mas que traz consigo um momento de pura magia que as confortará em cada momento em que sejam vistos, manuseados, utilizados e, principalmente, mostrados a outras pessoas, mesmo que digam - não gosto de antiguidades!
   Voltando ao mercado de antiguidades, nosso país é ainda muito jovem com relação aqueles europeus ou asiáticos; quinhentos e três anos de história ainda não nos permitiram adquirir consciência mais ampla sobre o valor das peças antigas, seja no aspecto histórico, seja no aspecto monetário.
   Por uma questão meramente mercadológica, no Brasil se convencionou considerar como antiguidades aquelas peças com um mínimo de noventa anos de idade, contudo como sempre existe o famoso "jeitinho brasileiro", se admite que aquelas louças de família produzidas na década de 40 sejam chamadas de antiguidades, evidentemente na dependência de seu estado de conservação, apresentação, etc.
   Já que se mencionou louça, vamos tentar esclarecer uma dúvida comum à maioria das pessoas, as semelhanças e diferenças entre louça e porcelana e, logo a seguir mencionaremos um "achado" de nossas Feira de Antiguidades.
   Segundo o pesquisador Eldino Brancante e a enciclopédia Larousse, louça ou loiça é denominação genérica, compreendendo todos os produtos manufaturados de cerâmica e compostos de substâncias minerais, sujeitos a uma ou mais queimas.
   Também pode ser o produto manufaturado com argila de uma ou várias qualidades, sem composição específica, que adquire cor após a queima, de acordo com a tonalidade da matéria prima utilizada.
   Segundo Marques de Santos se usa designar como louça tudo o que não for porcelana.
   Então, o que será porcelana? A definição mais usual é "porcelana é um corpo branco, translúcido, fabricado a partir de argila, quartzo e feldspato, podendo ou não conter baixo teor de outros fundentes".
   O "achado" mencionado são as louças espanholas conhecidas como Vistas Negras, em virtude de seus desenhos serem impressos em preto e são, erroneamente, confundidas com louças inglesas em razão da semelhança dos desenhos que as ornamentam.
   Fabricadas na região de Sevilha (Espanha) elas têm sua origem em uma fábrica fundada em 1838, no monastério de Santa Maria de lãs Cuevas, pelo inglês Charles Pickman, advindo daí a semelhança do estilo de suas peças com aquelas inglesas. As Vistas Negras originais são identificadas pelas marcas Pickman S.A. ou La Cartuja de Sevilla em seu fundo.
   Em razão da alta qualidade de seus produtos a empresa Pickman S.A. continua ativa até hoje e suas peças são requisitadas para baixelas de várias casas reais européias e costumam atingir cifras elevadas quando ofertadas em leilões.
   Conforme informou a antiquária Eneida Sebrian, proprietária da loja Itu Antigo, suas peças Vistas Negras, que foram adquiridas de particulares no interior do estado de São Paulo, fazem parte da história não apenas de nosso país como, também, da mundial.
   Valerá a pena visitar nossa feira e conhecer estas maravilhas!
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