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Publicado: Domingo, 26 de novembro de 2006

Não existência e Pole Position

        Objetivando tratar de assunto sobre distribuição de livros, telefono para conhecido que não vejo há alguns anos e me surpreendo quando sou reconhecido somente após inúmeras referências. A conversa ficou no aguardo de um retorno, mas o que me impressionou foi a nossa não existência, ou seja, para tal pessoa, a minha existência, até então, lhe era completamente indiferente. Partindo desse fato, verificamos que a nossa existência não tem significado para a grande maioria e se desaparecermos, temporária ou definitivamente, não faremos falta alguma.
 
        De outro lado, conversando em sala de espera de consultório médico sobre cuidados com a saúde, notei a tendência das pessoas de salientarem, via de regra, que sempre estão fazendo o melhor, utilizando-se da melhor das terapias e, sem dúvida, no pódio da vida e da saúde, ocupam a pole position! Ninguém deseja aceitar vantagens do próximo ou quando muito admite que ele fique na dele e você na sua. Tais considerações vêm a nos fazer meditar que nos encontramos bem distantes dos objetivos da vida cristã que prega o amor ao próximo e, nesse desiderato, exige constantes procedimentos humildes. Também, somos obrigados a reexaminar a virtude da humildade, para que a conheçamos em toda sua grandeza e sublimidade e jamais a confundamos com espírito subalterno e servil.  
                           
                 É natural que todos queiram ocupar a pole position – e isso pode ser muito bom -, pois nos estimula a trabalhar para a perfeição, máxima evangélica hoje quase esquecida, pois os problemas sociais que envolvem a comunidade são os que mais afloram. A parte negativa diz respeito à vaidade pessoal, eis que o indivíduo se “encanta” com a própria postura, tornando-se desagradável para com os outros, com a exibição de grandezas, superioridades e se julgando o supra sumo das personalidades... O crescimento na perfeição espiritual é algo que todo o cristão deve procurar atingir, pois além de significar que o pecado não tem mais guarida nas mentes e corações, indica que positivamente estamos procurando conquistar valores meritórios, superiores.
 
        Quanto a não existência, não nos lembrarmos de pessoas que participam de atividades bem próximas à nossa, é o fim da picada, o niilismo de indivíduos materialistas que só pensam em si. Continuamos neste mundo de lutas. Lutas não somente para conseguir o vil metal, tão necessário para a subsistência, como para nos entendermos com o semelhante na pluralidade das divergências, dos desencontros, das incoerências. É assim a vida, o Reino dos Céus já começa neste mundo, mas não podemos nos esquecer que uma linda oração diz literalmente: gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
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