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Publicado: Segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Não é só na casa do vizinho

Um dos pensamentos mais clichês que existe hoje em dia é esse: “É na casa do vizinho que acontece, não na minha”. O problema é que esse pensamento “caiu de moda” e infelizmente não é mais somente com o vizinho que acontece. Estou falando aqui sobre a dependência química, mais precisamente, sobre o dependente, aquele que é chamado de “viciado” por aqueles que não compreendem o seu estado, ou seja, a sua doença.

Sim! Dependência química é uma doença e hoje é tratada como tal, o que falta ainda, é a sociedade perceber, aceitar e entender isso.

Eu sempre achei que iria acontecer somente na casa do vizinho, até que o meu (na época) namorado entrou para o cruel mundo das drogas, não aconteceu na minha casa, mas, também não foi na do vizinho, foi na casa de alguém que eu conhecia muito bem, bem demais para perceber os primeiros sintomas: a falta de interesse com tudo, os sumiços durante o dia, o emagrecimento, o desaparecimento de objetos...

Foi assim que tudo começou, foi assim que iniciei a minha descida ao inferno para tentar ajuda-lo. Eu carreguei a minha própria nuvem de chuva enquanto decidi caminhar ao lado dele, eu conheci a dor em sua forma mais aguda e essa dor é hoje, conhecida por muitas e muitas outras pessoas, aquelas que não são os vizinhos. E esse texto é para você, não para o seu vizinho, é para você que sofre do mal que um dia eu sofri. Busque ajuda, não se sinta na obrigação de carregar o mundo nas costas. Não tenha vergonha da doença. Sinta a dor para poder se curar dela. Sinta raiva para substituí-la por compaixão. Tenha fé. Jamais abandone a sua fé. Ame incondicionalmente. Pratique o desligamento com amor. Dê a ele(a) a oportunidade de se recuperar, demonstre estar disposto(a) a ajudar, mas, deixe claro que você não vai se afogar com ele caso ele decida parar de nadar.

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