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Publicado: Segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Mr. Catra e a Fé em Deus

Crédito: Internet Mr. Catra e a Fé em Deus
Mr. Catra sabia que Deus não abandona jamais.

Confesso que não sou fã das canções do acima referido. Mas o recentemente finado sempre me causou uma impressão de espanto por causa de sua autoconfiança e coragem. Num país que, de muitas formas, ainda descrimina os que são diferentes, seja por causa da cor da pele ou da condição social, Mr. Catra não tinha medo de externar suas idéias através de suas composições.

Principalmente nas entrevistas que concedia, mostrava ter uma compreensão bastante grande das coisas da vida. Não era politicamente correto, protestando constantemente contra as mimizices do senso comum. O grande público conhecia mais facilmente apenas o seu lado polêmico de funkeiro consagrado e sua fama de “reprodutor”. Porém, o carioca Wagner Domingues Costa tinha um outro lado bem diferente.

Levou a sério o “crescei e multiplicai-vos” do livro do Gênesis. Ao longo dos seus 49 anos, teve 32 filhos com três esposas. Juro que não sei “se” e “como” ele se relacionava com prole tão numerosa. E ao contrário do que muitos possam imaginar, costumava afirmar que era “totalmente careta” na educação da molecada.

Faz pouco tempo que o artista tornou pública sua doença, um câncer de estômago encontrado durante exames de rotina. Nos últimos meses perdeu cerca de 30 quilos. Dizia-se convertido ao judaísmo e que não tinha medo de morrer: “A coisa mais fácil do mundo é você entregar sua vida na mão de Deus... A gente colhe o que a gente planta... Eu sei muito bem o que eu plantei... No final, só existe Deus... É só Deus que eu espero”.

Foi um homem notável por causa de suas peculiaridades e talento musical. Um cidadão consciente, falador de inglês, francês, alemão e hebraico. Uma de suas frases, muito bela, serve-nos de conselho e de consolo, conscientes que somos de que a nossa hora de partir desta vida também chegará um dia: “Acredite em si mesmo, pois até sua sombra te abandona no escuro”.

Mr. Catra sabia que Deus, o Justo Juiz, não abandona jamais.

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