Modernos bandeirantes conquistaram a Antártica
Repetindo o ato dos bandeirantes, há 30 anos, pesquisadores e pesquisadoras do Instituto Oceanográfico da USP participaram da primeira expedição brasileira ao continente gelado. Esse grupo de brasileiros conquistou a Antártica.
Foi no já distante verão de 1982/1983, que um grupo de pesquisadores brasileiros, embarcou no Navio Oceanográfico Prof. Wladimir Besnard e partiu acompanhado pelo Navio de Apoio Oceanográfico Barão de Teffé, ambos da Marinha do Brasil para aquilo que seria a primeira expedição a Antártica.
A primeira operação do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), tinha como objetivo o reconhecimento hidrográfico, oceanográfico e meteorológico da área onde seria instalada a futura Estação Antártica Comandante Ferraz. A iniciativa deu ao Brasil, ainda em 1983, o destaque de membro consultivo do tratado da Antártida, que regulamenta as pesquisas no continente.
Passados 30 anos temos que comemorar a bravura desses nossos bandeirantes modernos, que deixaram suas casas e suas famílias para conquistarem um território para o nosso Brasil. As dificuldades foram muitas: o próprio navio Besnard não era uma embarcação própria para a região.
Por estar localizada num ponto extremo do globo, a Antártica é alvo de uma série de pesquisas, especialmente por representar o principal regulador térmico do planeta e influenciar no clima e nas condições de vida na terra.
Alguns pesquisadores que lá estiveram, falam das dificuldades em realizar os trabalhos de campo. A região inóspita é desafiadora. Os cuidados devem ser tomados ainda no Brasil. Se o pesquisador perder alguma coisa, não tem como repor, então é preciso ter pelo menos dois, de tudo.
O longo percurso só é vencido de navio, pois a última base aérea é a estação chilena na Antártica. Depois dela, só indo de navio. O acompanhamento médico é restrito e tem ainda as condições climáticas extremas. As fortes rajadas de vento exigem dos comandantes dos navios manobras complicadas e arriscadas.
Para vencer tudo isso, os pesquisadores criam um forte sentimento de união, cooperação e brasilidade.
O pesquisador que vai à região da Antártida é sem duvida um herói. Igualzinho aos nossos bandeirantes.
EDSON BONI
Fonte principal: Revista Espaço Aberto da USP, edição 143 – outubro - 2012