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Publicado: Segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Meu ipê branco

Eis que saio na sacada do meu quarto e, vejo uma árvore de pequeno porte, deslumbrante, de ipê branco.

Mas, como? Eu nem havia notado essa árvore! E, de repente, ela generosamente, oferece esse espetáculo aos nossos olhos.

Sempre gostei de ipê. Cantei ipês pela vida afora. Todos os anos, em agosto os ipês desabrocham em abundância, amarelos, roxos, rosados, mas confesso que ainda não tinha visto os ipês brancos que me deixou maravilhada.

Já as primaveras, verdadeiros buquês de flores vermelhas, roxas e rosadas, nos levam além, do colorido da vida.

Com esta explosão de cores e aromas sinto o tempo correr velozmente com a lentidão dos meus movimentos. Experimento a sensação de estar vivendo melhor. Calmamente. Sem correrias. Vivendo o momento do inverno da vida como se fosse o último, trazendo uma certeza que hoje estou vivendo mais intensamente.

Devo essa reflexão aos ipês brancos que docemente, sem qualquer alarde, floresce diante da janela do meu quarto, deixando cair suas flores, mansamente, formando um imenso tapete na rua da minha casa. São momentos que merecem ser vividos. Toda essa apoteose marca a chegada silenciosa do meu inverno aguçando toda minha sensibilidade.

Vou aceitar meus cabelos brancos, vou aceitar as rugas que provêm dos risos e das dores que são reflexos da minha vida.

Só não quero deixar de insistir em sonhar. Sonhar os sonhos mais lindos e cada dia no seu próprio ritmo, sem pressa, nem ansiedade.

Meus sonhos de cada dia ofereço à minha família...

As flores passam... A semente permanece para sempre...


Ditinha Schanoski
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

            

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