Publicado: Sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Metrópole
São Pedras.
Em cima, em baixo, escaldante concreto repleto de cupins roedores de paredes que não cedem.
Cupinzeiros gigantescos com mil olhos cegos que brilham e piscam incessantemente no escuro. Jamais adormecem.
Regurgitam a vida em seus estômagos noite adentro e a escarram para fora, de dia, nas ruas áridas.
São Pedras.
Carregadas nas costas, nos sacos, arrastadas no cotidiano estéril repleto de becos sombrios, de fétido cheiro de urina dos sem-teto - só pontes - sem dentes. Bocas murchas de sorrisos moles e braços dormentes, esticados, dementes.
São Pedras.
No coração gelado do passante apressado, sombra dos sonhos perdidos nos labirintos dos elevadores, das escadas rolantes.
São Paulo.
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