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Publicado: Terça-feira, 5 de junho de 2012

Mercado em plena expansão

Um recente estudo da GBTA, principal associação internacional de viagens de negócios, patrocinado pela Visa, prevê que os gastos no Brasil nesse segmento devem se expandir em 13%, para US$ 31 bilhões em 2012, e em 15% no ano seguinte, ultrapassando U$ 36 bilhões. A façanha ganha maior relevância quando se considera que o crescimento apontado nesses dois anos representa um avanço três vezes maior que o do PIB (Produto Interno Bruto) estimado para os períodos.

O estudo também revela que, em 2013, as viagens de negócios dentro do Brasil vão representar 78% do total, com os gastos realizados no exterior chegando a US$ 7,3 bilhões no próximo ano. Diante desses resultados, o Brasil deve ser promovido de nono para oitavo maior mercado de viagens de negócios do mundo, ultrapassando, assim, a Coreia do Sul.

O que chama a atenção também é que a maior parte do crescimento nos gastos de viagens previstos para o País pode ser atribuída a um aumento real nas despesas de viagens, ou seja, apenas uma pequena porção está associada a aumento nos preços. "As viagens de negócios são cruciais para a expansão econômica, e a impressionante ampliação do setor no Brasil nos credencia para nos tornarmos um dos mercados mais importantes do mundo nos próximos anos", afirma Wellington Costa, presidente da GBTA Brasil.

Como ocorre no mercado norte-americano, o estudo indica que no Brasil há também uma forte correlação entre a ampliação do mercado de trabalho e os gastos em viagens. Essa forte relação sugere que a análise das despesas em viagem a trabalho tem tudo para se tornar um significativo indicador econômico dos níveis de empregabilidade e confiança nos negócios. Pena que só o governo não veja isso.

Com base em dados de 2011, o mercado norte-americano continua a liderar em gastos com viagens de negócios, com US$ 250 bilhões, quase nove vezes mais que o Brasil (US$ 28 bilhões). Os Estados Unidos são seguidos pela China, com US$ 182 bilhões, uma estrela ascendente que ameaça se tornar o maior mercado de viagens de negócios do mundo já em 2015. De acordo com o estudo, os chineses devem crescer 17% neste ano e 21% em 2013, chegando até lá com US$ 245 bilhões. Nos últimos dez anos, os seus gastos em viagens de negócios cresceram em média 16% ao ano, alavancados por congressos, viagens de incentivo, conferências, feiras e a ampliação das despesas dos viajantes durante a estada no país.

No caminho oposto ao do Brasil, esse importante segmento da economia é levado extremamente a sério pelo governo da China, que está tomando uma série de medidas para encorajar a expansão das viagens de negócio no país, pois entende que a existência de boa infraestrutura é vital para garantir o aumento da demanda. Desta forma, nos últimos dez anos, os quatro maiores aeroportos do país dobraram de tamanho e o planejamento do governo para os próximos cinco anos prevê investimentos de US$ 237 bilhões em aeroportos, com planos de expansão de 91 dos 175 existentes e a construção de outros 56. Acrescente-se 8 mil quilômetros de trilhos para trens de alta velocidade até 2015. São números de dar inveja a qualquer país que pretenda seriamente promover suas viagens de negócios.

*Este texto foi publicado também na coluna Viagens de Negócio, de Fábio Steinberg, no dia  31 de maio de 2012, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo. 

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