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Publicado: Sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa

Lamentamos como todos a morte do aluno dentro da Escola Adventista no Embú das Artes, grande São Paulo. Todos somos culpados por ela.

É a violência da escola pública batendo na porta da escola particular. A péssima qualidade do ensino da escola pública já derrubou a qualidade da escola particular.

Isso para a imprensa ver que essa guerra contra a violência da escola pública não atinge só o aluno pobre. Ela vai crescendo. A impunidade também.

Aluno de escola pública é tratado como o responsável por toda miséria da educação no Brasil, e os professores na maioria tratam aluno como culpado da má qualidade do ensino e dos salários que professores acham baixos. Só que esse ódio irracional vai plasmando no professor, que é o mesmo nas duas escolas. Leva esse ódio para a escola particular. Esse ódio surdo que transfere para o aluno.

Na escola pública é escancarado, na escola particular é meio surdo, meio por debaixo do pano e não menos devastador.

Claro que temos em ambas escolas o educador, aquele que gosta de ensinar e encara o aluno difícil como um desafio. Aliás, ensinar é uma tarefa difícil, precisa de muito talento e vocação.

O que motiva um aluno a levar uma arma para a sala de aula?

Um adulto só se arma quando o inimigo é muito mais forte que ele e quando ele não pode resolver de igual para igual. Ou quando ele não acredita na Justiça e quer fazê-la com as próprias mãos.

A diferença é como estão tratando o caso.

Se fosse em escola pública, o “culpado” já tinha sido apresentado para a imprensa. Com tarja nos olhos, mas com todos os indícios para que a comunidade soubesse quem foi.

A imprensa caia de pau nele.

Especialmente a Rede Record de Televisão, que inexplicavelmente odeia aluno de escola pública.

A apresentadora do Record em “Notícias” ia entortar a boca para um lado e ia pedir o rebaixamento da idade penal para que o autor do disparo fosse tratado como adulto. Ia sugerir para aluno de escola pública, pena de morte. De preferência morte lenta e bem dolorosa.

Ia colocar nas costas da família, e do aluno da escola pública, a responsabilidade da falência moral do colégio.

Agora vamos ver se a imprensa revê os seus conceitos, uma vez que ninguém está seguro.

A violência é democrática, não respeita religião nem nível social.

Todos somos responsáveis pela má qualidade da educação.

Sem educação e sem respeito aos alunos a violência vai atingir a todos.

Só pela educação conseguiremos tirar o país do buraco que estamos todos mergulhados.

Dessa morte e de todos alunos que morrem nas escolas públicas, todos somos culpados. Por ação ou por omissão.

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