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Publicado: Domingo, 6 de setembro de 2015

M.A.S.H (1970)

M.A.S.H (1970)

Robert Altman talvez seja um dos diretores mais cultuados e também um dos mais esquecidos da "nova Hollywood" com um talento invejável e um olhar preciso em cena, ele conquistou sua popularidade nos anos 70 fazendo filmes com grandes elencos, temas polêmicos e também ao esculpir seus personagens de modo nada peculiar. Um dos diretores que mais bebem da fonte de Altman é Paul Thomas Anderson. Fazendo filmes bem parecidos que incomodam e também usa grande elenco para contar suas histórias.

Mas analisando um dos seus primeiros filmes que foi a sátira sobre a guerra em sim, onde ele fala sobre a economia e os ideias de participar de um conflito. Altman usa todo o humor negro para criticar um conflito "bobo" e sem sentido.

O filme começa com as frases de pessoas importantes como o Comandante Douglas MacArthur e o Presidente Eisenhower que falam da importância de ser vir seus país e ainda entrar para o exercito. Ao meio disso temos Hawkeye (Donald Sutherland) que aparece depois dessas frases. Aos poucos vemos que nem todos do exercito são honrados. Principalmente quando ele rouba um jipe e vai para outra base, entra no refeitório dos oficiais e já começa a paquerar as enfermeiras. O legal das sátiras e principalmente como Altman usa aquilo para justificar os horrores da guerra, ao mesmo tempo que temos o frívolo e o grotesco andando juntos. Hawkeye e Trapper John (Elliott Gould) servem como um gancho para lembrar que ainda temos um pouco de humanidade fora daquele holoucasto, mesmo que seja uma humanidade as avessas , vemos bem essa cena, quando os dois descem de um helicoptero vestidos para jogar golfe e no meio daquilo uma maca com um soldado morto.

Altman se criou como um arruaceiro e vemos isso em seus filmes. Principalmente com as ações rápidas, onde a montagem do filme ajuda e muito a contar a história de MASH, como outra marca registrada em seus filmes que são os diálogos rápidos e também como uma conversa entra sobre outra. O caos no filme força você a prestar atenção em tudo que acontece ao redor daquela equipe.

Outro ponto interessante é como podemos julgar facilmente as atitudes de Hawkeye e Trapper John, principalmente como eles manipulam os mais fracos e também pisam nas mulheres e as vem como objetos e não parte de um time. Vemos os atores principais como a nova hollywood onde a contra-cultura dos anos 60 aparece fortemente e se coloca contra o puritanismo onde esse papel fica com Robert Durvall que condena as ações dos dois médicos e assim o Major. Frank Burns (Durvall) é mandado para um manicômio, ou seja, a velha geração não tem mais vez dentro daquele cenário tomado pela desordem. Percebemos agilidade do diretor quando não temos nenhuma cena de sossego e é tudo rápido e não conseguimos tomar fôlego. Talvez esse ritmo de alucinação colocada seja de propósito, para sentirmos o que eles estão passando dentro de um território inimigo. Lembrando que o filme se passa no período da guerra da Coréia. A genialidade de Altman também se nota quando ele não perdoa nem a religião. O padre que fica encarregado de dar "extrema unção" nos soldados, enlouquece e começa a benzer tudo. Outra cena polemica é quando um dentista decide se matar e os soldados o ajudam e eles imitam a ultima ceia, onde temos um Jesus suicida.

Os traços de Altman começa a surgir principalmente quando comparamos com seus outros filmes seja por "Nashville", "O Jogador" e sua obra-prima "Shortcuts". Vemos um diretor já se formando e ficando solido e criticando o padrão de vida americano, mas também de apontado o pior do ser humano em seus personagens. Gosto muito de Paul Thomas Anderson principalmente quando você vê em toda a sua filmografia os traço e referencias com Robert Altman, uma pessoa absolutamente genial que une a perfeição do caos e criava personagens odiosos mas que mesmo assim amávamos. Um diretor que merece ser revisto e ainda ser mais estudo do que nunca.

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