Marketing é TUDO!

Primeiro, cabe comentar que o Brasil é grande... em função disso, a diferença de temperatura entre cidades é notável (e, eventualmente, assustadora). Sair de SP aos 9 ou 10 graus e chegar em Brasília ou Belo Horizonte sob sol e mais de 20 graus, chegando até 25 é difícil... Mas tudo vale a pena se você chega a um hotel bem bom em BH e acha um cartaz fantástico, com uma rosa de fundo com os seguintes dizeres: Noite de núpcias do seu jeito; a noite mais esperada da sua vida também é a mais preparada por nós. Aí dão o preço (não prestei atenção) e o que vem no pacote (desculpem, tampouco gastei meu tempo com esse assunto). Mas fiquei me perguntando... tudo isso tem certamente como população alvo uma mulher: a rosa, a colocação de que é a noite mais esperada da vida...

E a rigor isso remete também ao estereótipo atribuído às Minas Gerais. Lembro sempre de uma crônica do Sergio Porto (Stanislau Ponte Preta), quando escrevia sobre o FEBEAPÁ (para os mais novos, o festival de besteiras que assola o país – acabou de me ocorrer que isso é irmão daquele que o Zé Simão chama de o país da piada pronta). Uma das melhores frases, atribuída – claro – a um parlamentar do estado, na época da mini-saia: “Ninguém levantará a saia da mulher mineira”. Se alguém não entender, pergunte e eu responderei. Por quê? Ora, por causa da noite mais esperada da vida... Se falar da cerimônia, da festa, vá lá. E trazendo MAIS seção nostalgia, antigamente havia sim a noção da noite esperada... Tanto que Herivelto Martins (um compositor de muito tempo atrás) escreveu “A camisola do dia” (citando pelo menos os seus primeiros versos: “era linda muito linda, um céu azul de organdi, a camisola do dia”).

Atualmente, uma semana antes do dia dos namorados, conversava com vendedoras de uma boutique e dessa conversa saíram algumas idéias fantásticas: 1) os maridos andam meio mão fechada nesta data; 2) os namorados... Depende de como estão na vida e perante o namoro; 3) as vendedoras propunham o dia da amante, mas infelizmente para esse dia não seriam as lojas de roupa as mais bem sucedidas em termos de vendas: seriam as joalherias e as lojas de lingerie. Agora, pensem comigo: será que a compra seria uma camisola azul de organdi?

Outra coisa que me chamou a atenção em BH foi um grupo de night bikers, porém eles andavam muito menos aparelhados que os de Sampa. Suas roupinhas não eram para serem vistas à noite, por exemplo, e o grupo era bem pequeno.

No caminho para Brasília fiquei pasma no avião: três pessoas, certamente amigos ou parentes entre eles, inclusive sentados juntos, entre os quais uma mulher, num vôo às 9 horas, quando passou o café da manhã acompanhado disso, disso e daquilo, eles pediram....cerveja. Nove horas da manhã, cerveja, OU é para ressaca, OU é alcoolismo OU é total falta de noção. Claro que também dependeria um pouco do que eles iriam fazer lá (mas eu não perguntei). Para ninguém ficar bravo comigo (viu, Livia) fui às 9 horas e sai de lá às 17, então foi um dia de trabalho duro. MAS teve uma compensação.

Na verdade, eu sempre disse que o inventor do sorvete deveria ganhar o Nobel da Paz, pois é impossível pensar em agressividade quando se toma um sorvete...Levaram-me a uma sorveteria. Vou dizer o nome, porque da dominical passada o único assunto que suscitou dúvidas entre os leitores foi qual era o nome e o endereço do restaurante tailandês. Então, fãs de sorvete que forem a Brasília e tiverem um tempinho, sugiro um passeio à sorveteria Saborella. Tomei uma humilde bola, de fruta (viu Ana), mas foi uma experiência... e no sol de 25°C sentar a uma mesinha durante 20 minutos, digno de um comercial (não ganhei nada da sorveteria, informo).

Outros dois episódios para os quais eu precisaria de uma explicação dos meus amigos marketólogos (help, Inês e Tadeu). Numa lanchonete não das de griffe, numa galeria da Avenida Paulista, junto com algumas abelhas (já ouvi dizer que lugares onde há abelhas são limpos... não sei se isso é fato e, confesso, não gosto delas), os sucos, a água e o refri são acompanhados de copos descartáveis com réplicas ou gravuras do Romero Britto. Oras, Maurício de Souza, Disney, até alguns dos clássicos grandes artistas europeus se justificam. Já têm seu nome feito, todo mundo já os conhece... Mas o Romero Britto, que ainda está tentando fazer carreira em Miami...não sei não o que ele pretende com isso. Só dinheiro? Será que isso não queima a marca? Ou será que ele quer a mesma coisa que os fabricantes de algumas bolsas de super griffes, que são vendidas por cem vezes menos em camelôs diversos (até houve um episódio do Sex in the city onde as protagonistas iam comprar num lugar onde havia muitas e aí...desistiram). Além disso, o serviço da sua galeria em São Paulo, que já foi muito bom anda de um nível de rechaçar clientes. Conheço gente que tem em casa coisas parecidas com seus desenhos, imãs de geladeira que quase com certeza não foram feitos com sua anuência (na minha geladeira há um!). Ou seja, o fenômeno luxo eu entendo, o assunto conceito já se tornou mais familiar para mim... agora a disseminação sem critério...sei lá.

O outro causo da mesma família, e que já faz um tempo me incomoda, é a profusão de faixas e flyers de cartomantes e que tais que aparecem por aí. Alguns que já comentei, as guias poderosíssimas, continuam por aí. Mas recentemente vi outros dois: um, a feiticeira do amor... outro, apresentando uma vidente conselheira. Não consigo entender por que tantos, por que este tipo de divulgação... agora o assunto da vidente conselheira, bom, acho que isso é o sonho de quase todas as pessoas, que gostariam de saber quais seriam os desfechos mais prováveis de suas ações. Um filme recente onde isso aparece é o do Woody Allen, aliás há dois dele com este tipo de personagem. Mas, pensando bem, cada uma mais voltado para sua época: 1) “Simplesmente Alice” (em inglês, Alice, dos anos 90), onde uma mulher se apaixona fora do casamento e tem como apoio moral um oriental que trabalha com ervas meio alucinógenas...e 2) Você vai conhecer o homem dos seus sonhos (you will meet a tall dark stranger), do ano passado, onde uma vidente é um sustentáculo de um dos personagens. De fato, esse tradutor não entende nada de cartomantes, porque o estereótipo delas é de fato falar de um homem moreno, alto.... e não o dos seus sonhos...
.
Ontem, parada num semáforo, tive o espelho lateral abalroado por uma moto (ocupada por um casal de motoqueiros). Quando resolvei ficar indignada, ou seja, um segundo após, passou uma outra moto, que colocou o espelho no lugar. O