Mania de Colorir
DÁ-LHE LÁPIS DE COR E CANETINHAS para colorir, colorir, colorir...E não é coisa de criança, não. Gente grande redescobriu o gosto perdido na infância, quando a atividade era uma estratégia de satisfação ligada à fantasia.
Ao repetir inúmeras vezes o mesmo gesto, o adulto reconhece partes inconscientes da sua própria essência. É como se fosse um “mantra ocupacional”.
Psicólogos acreditam que a atividade facilita o contato com o próprio universo imaginário e simbólico, favorecendo o autoconhecimento. Outros afirmam que entender a nova mania como terapia é exagero, pois o efeito produzido é momentâneo - como uma fuga dos próprios problemas.
O ato repetitivo de colorir abstrai, acalma e transforma – efeitos similares obtidos com os mantras, cujos sons têm como objetivo lembrar algo importante para o praticante ou apenas relaxar, combater a ansiedade ou o estresse.
Os mantras têm significados e a capacidade de servir como foco para que a mente se concentre. O trabalho do praticante durante sua realização é o de trazer incessantemente a mente de volta ao seu som e refletir sobre seu significado, o que aquieta a mente. Essa paz mental não é um fim em si mesmo, mas um meio para conseguir o discernimento necessário à diversas questões.
Algo similar ocorre com os desenhos de colorir, que atuam como foco para a mente e empregam as mãos para repetir os mesmos movimentos durante sua realização. Exercícios repetitivos e lentos como passar roupas, bordar e pintar podem levar a um estado alterado da consciência.
A escolha do tema dos livros de pintar, como flores, mandalas, cidades e florestas, se equipara ao significado de cada mantra.
Há séculos e nas mais diferentes culturas desenhar e colorir mandalas é usado como forma de expressão religiosa, artística e como instrumento de expansão de consciência.
Independente do percurso selecionado - se religioso, de lazer ou qualquer outro - a alma humana busca sempre o caminho de casa, o seu encontro com o Todo, mesmo sob a singela forma de colorir.