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Publicado: Terça-feira, 28 de dezembro de 2004

Mais sobre Yôga - parte 4

O texto abaixo foi extraído do livro Tudo Sobre Yôga do Mestre DeRose

8. E sobre a existência de gurus no Yôga?

Guru, aqui no Ocidente ganhou uma conotação de guia espiritual. Daí a charlatão é um passo. Acontece que na Índia, guru não tem forçosamente esse sentido e sim o de simplesmente professor de qualquer disciplina. Eu mesmo tive lá um guru de música, um guru de línguas e um guru de filosofia. Então, a palavra em si é um termo bem despretensioso. Assim sendo, no correto sentido hindu, sim, qualquer instrutor de Yôga, de escola primária, de idiomas, de qualquer disciplina é um guru. Mas no sentido popular, desvirtuado, não, Yôga não tem nada a ver com “gurus”.

9. O Yôga é uma espécie de ginástica?

Não. O Yôga não é nenhum tipo de ginástica nem modalidade alguma de Educação Física. Uma prática completa de Yôga compreende técnicas corporais, bioenergéticas, emocionais, mentais, etc., através de exercícios orgânicos, respiratórios, relaxamentos, limpeza de órgãos internos, vocalizações, concentração, meditação. Ora, isso não pertence à área de Educação Física. Mesmo os exercícios físicos do Yôga não são puramente físicos e são completamente diferentes dos da ginástica. Até as regras e os princípios são totalmente diversos. Vejamos alguns exemplos:

1) Movimento

- Na Educação Física o movimento e a repetição são elementos fundamentais. A boa forma, os efeitos e o bom rendimento dependem da repetição adequada.

- No Yôga, mais do que o movimento, o que importa é a permanência na fase crítica do exercício e, mais do que a repetição do mesmo exercício, importa a diversificação das técnicas, ainda que possam ser convergentes com relação aos efeitos proporcionados.

2) Aquecimento

- Na Educação Física é imprescindível um bom aquecimento muscular prévio para evitar distensões.

- No Yôga não se faz aquecimento prévio, mesmo que esteja muito frio. Apesar disso, no Yôga não se observam distensões. O fenômeno explica-se, em parte, pela ampla consciência corporal desenvolvida pelo praticante, que passa a conhecer perfeitamente seus limites e sabe que não deve excedê-los e, em parte, pela sofisticada tecnologia desenvolvida empiricamente durante cinco mil anos de experiência.

Ocorre que, quando as fibras musculares são aquecidas, dilatam-se, dando a falsa impressão de maior flexibilidade, mas depois voltam a se contrair pelo esfriamento no final do exercício. No Swásthya Yôga não utilizamos aquecimento, o que faz com que as fibras musculares desenvolvam um alongamento real, definitivo, mesmo quando o corpo estiver frio.

Isso também fundamenta fisiologicamente o fato comprovado de que a performance conquistada pelo praticante de Yôga incorpora-se definitivamente ao seu patrimônio corporal e ele, mesmo parando de seguir um programa regular de exercícios, não perde a boa forma durante meses ou anos, dependendo do nível de adiantamento obtido na fase de treinamento intensivo.

Assim, quando um praticante de Yôga é surpreendido por um incidente físico contará com músculos muito bem condicionados a reagir sem a necessidade de aquecimento prévio. Como um gato, fica instantaneamente em condições de enfrentar o desafio. Depois, volta rapidamente à calma.

3) Áreas Atingidas

- A Educação Física atinge prioritariamente músculos e articulações. Depois, o sistema cardiovascular. Só secundariamente o resto do organismo. A mente não é trabalhada e limita-se a receber o benefício da higiene mental, o "mens sana in corpore sano". Mas não há exercícios mentais nessa especialidade que se propõe, e proporciona com sucesso, uma educação física.

- No Yôga é exatamente o inverso. Os efeitos começam se processando nas áreas mais profundas e afloram até chegar ao corpo. Nele, manifestam-se inicialmente nos sistemas nervoso e endócrino. Depois, nos órgãos internos. Só por último os benefícios chegam aos músculos e articulações.

Agora raciocinemos: se os músculos e articulações são as partes menos trabalhadas no Yôga e, apesar disso, adquirimos uma performance muscular e articular excepcional, imagine os efeitos obtidos nas áreas mais profundas!

4) Respiração

- Na Educação Física dá-se uma razoável importância à respiração, porém não há uma tecnologia respiratória específica. Basta fazer respirações profundas. Permite-se respirar pela boca. Tradicionalmente (ainda hoje) é comum que o treinador mande o desportista encher de ar a parte alta do tórax em detrimento da região diafragmática, que é a mais importante pela quantidade maior de ar que comporta.

- No Yôga, uma das primeiras coisas é reaprender a respirar. Respirar sempre pelas narinas, fora os casos excepcionais. Fazemos treinamento para dominar eletivamente os músculos respiratórios abdominais numa circunstância, intercostais noutra, sub-claviculares noutra e assim por diante. Controlamos diferentes ritmos para distintos objetivos, e acoplamos a determinados exercícios respiratórios a contração deste ou daquele plexo ou glândula endócrina, a fim de dinamizar a força do exercício.

Utilizamos 46 exercícios respiratórios diferentes e mais alguns que não podem sequer ser ensinados por livros, tal o poder que possuem e sua capacidade de despertar paranormalidades.

5) Gasto de energia

- Na Educação Física tudo produz consumo de energia, sem o quê, os efeitos não se processam.

- No Yôga, em sete oitavos da prática (sete em oito tipos de técnicas) o dispêndio de energia é próximo de zero. Em todos os oito feixes de técnicas capta-se, gera-se, canaliza-se ou armazena-se energia solar, telúrica e pránica de diversos tipos, das mais variadas fontes limpas e inesgotáveis.Por isso os exercícios de Yôga são agradáveis e não cansam. Mesmo sem esforço os efeitos ocorrem com intensidade, desde o primeiro dia.

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