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Publicado: Terça-feira, 30 de novembro de 2004

Mais sobre Yôga - parte 1

Texto extraído do livro Tudo Sobre Yôga do Mestre DeRose

1. O que é o Yôga?

Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi.

Esta é a definição que propus em vários congressos internacionais e que, afortunadamente, tornou-se uma das mais aceitas por todos os tipos de Yôga, os quais consideraram-na a única que abarca as propostas de todos.

Samádhi é o estado de hiperconsciência que só pode ser desenvolvido pelo Yôga. Samádhi está muito além da meditação. Para conquistar esse nível de megalucidez, é necessário operar uma série de metamorfoses na estrutura biológica do praticante. Isso requer tempo e saúde. Então, o próprio Yôga, em suas etapas preliminares, providencia um acréscimo de saúde para que o indivíduo suporte o empuxo evolutivo que ocorrerá durante a jornada; e provê também o tempo necessário, ampliando a expectativa de vida, a fim de que o yôgin consiga, em vida, atingir sua meta.

Os efeitos sobre o corpo, sua flexibilidade, fortalecimento muscular, aumento de vitalidade e administração do stress fazem-se sentir muito rapidamente. Mas para despertar a energia chamada kundaliní, desenvolver as paranormalidades e atingir o samádhi, precisa-se do investimento de muitos anos com dedicação intensiva.

Por isso, a maioria dos praticantes de Yôga não se interessa pela meta da coisa em si (kundaliní e samádhi). Em vez disso, satisfaz-se com os fortes e rápidos efeitos sobre o corpo e a saúde.

O Yôga ensina, por exemplo, como respirar melhor, como relaxar, como concentrar-se, como trabalhar músculos, articulações, nervos, glândulas endócrinas, órgãos internos, etc. através de exercícios físicos belíssimos, fortes, porém que respeitam o ritmo biológico do praticante. A prática completa do Swásthya Yôga compreende oito tipos de técnicas (mudrá, pújá, mantra, pránáyáma, kriya, ásana, yôganidra, samyama) que vão atuar em oito áreas distintas, promovendo um aperfeiçoamento multilateral.

2. O acento existe originalmente na palavra Yôga?

O acento está claramente indicado, uma vez que a letra ô no sânscrito é sempre longa e fechada. As transliterações ocidentais convencionaram que as letras longas devem ser assinaladas com o acento. Este pode variar de uma convenção para outra, mas o que se observa é que o circunflexo foi adotado por um renomado autor indiano que escreveu Os aforismos do Yôga de Pátañjali, em inglês (Sri Purohit Swami), e também pelo célebre autor (Kastberger), que escreveu o Léxico de filosofia hindu, em castelhano. Ora, nenhuma das duas línguas possui o circunflexo e, apesar disso, ambos reconheceram a necessidade da sua presença na palavra Yôga.

Durante muitos anos não se aplicou o acento uma vez que ninguém ousou questionar isso. Primeiro, quem colonizou a Índia foram os britânicos que não tinham acentos em suas tipografias, mas possuíam uma poderosa Armada, intelectualmente muito persuasiva... Segundo, no Ocidente conhecia-se bem pouco o sânscrito (na Índia eles não ligam a mínima se a transliteração para alfabetos ocidentais está correta ou não). Terceiro, há muito patrulhamento ideológico em determinados grupos de Yôga, e ninguém queria se expor a críticas, ainda que chegasse a estas mesmas conclusões.

3. Qual é o gênero da palavra Yôga?

Masculino. Quase todas as palavras sânscritas terminadas em a são masculinas. Isto deveria valer para a corruptela "ioga", pois a regra da nossa língua para esses casos é preservar o gênero das palavras que forem incorporadas ao português.

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