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Publicado: Sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Mães e Aprendizagem

Crédito: Banco de Imagens Mães e Aprendizagem
A nossa primeira Mestra é nossa mãe
Trabalhando e refletindo sobre as dificuldades de aprendizagem que se apresentam na clínica psicopedagógica, tenho observado nos últimos anos, um aspecto que parece estar influindo diretamente na escolarização de crianças e adolescentes: o papel insubstituível das mães na formação dos filhos. A ausência ou diminuição significativa desta relação genuinamente humana parece contribuir para a vinda de gerações cada vez mais desprovidas de mediação em sua Aprendizagem.
 
A nossa primeira Mestra é nossa mãe. Natural ou adotiva, cuidadora ou responsável, mães, avós e babás tem papel fundamental na construção de significados durante os primeiros anos de vida.
 
O bebê aprende, através de seus primeiros reflexos, a identificar o som da voz da mãe, o cheiro do seio nutridor, o calor e o aconchego de seu colo... Aprende a ouvir, a sentir e perceber o ambiente que o rodeia, bem como a reagir e solicitar a presença do outro. Chora quando sente fome ou desconforto, ou apenas quando quer sentir-se seguro com a presença e proximidade da mãe. Aprende sobre o seu corpo e seus contornos, descobre sus pés e mãos, a voz, o choro e o sorriso! E assim, dia a dia, vai se constituindo um sujeito, com significados que lhe são atribuídos principalmente na relação afetiva com os que lhe rodeiam. O primeiro ano de vida de um bebê é um período que chamamos de gestação em útero externo, é o único ser que não sobreviveria sem ser cuidado por sua genitora.
 
A partir de então, com um ano de vida, a criança deve ter apreendido, nesta interação diária com o mundo e o outro, um conjunto de significações internas que lhe permitirão desenvolver sua linguagem. Da mesma forma ela vai ganhando habilidades com seu corpo e seus movimentos. Fica sentada, engatinha, chacoalha e lança objetos ao chão, leva-os á boca com a vinda de dentição. Vai percebendo-se “humana” e a cada dia mais, se desenvolve no jogo da imitação. Desta maneira, a participação ativa de quem cuida da criança é determinante na construção deste pequeno aprendiz. Ensinar, nesta época significa conversar com a criança, cantar para ela, mostrar toda a riqueza do mundo que a rodeia. Oferecer modelos para imitação fazer-se “espelho” entre a criança e o mundo.
 
Aprender a andar é o processo seguinte que transcende apenas a capacidade de coordenar movimentos de pernas, braços e equilíbrio: a criança caminha em direção a alguém, que a incentiva e chama para este encontro afetivo. Caminha para encontrar a mãe e seu caloroso colo. Caminha para pegar seu brinquedo, oferecido também por quem cuida dela...
 
Constituída a linguagem e o caminhar, a criança passa a ser uma grande exploradora do mundo: é o período mais rico em aprendizagem. Um mês na vida de crianças do nascimento até os seis anos equivalem a muitos anos de desenvolvimento mental, cognitivo e emocional.
 
Ser mãe, cuidar de crianças pequenas exige, além de muita disposição física, a tão importante e fundamental disponibilidade emocional de estar com a criança, estimular, mediar e ao mesmo tempo limitar suas ações, para que nesta interação ela vá “aprendendo a aprender...”.
 
Lembro-me de uma professora que trabalhou comigo no início de meu percurso como Educadora, na Educação Infantil, que me ensinou muito do que sei hoje sobre como educar crianças: ela entrava com seus pequenos em um mundo de fantasia e histórias, literalmente “encantava” as crianças com sua voz doce e maternal, e aos poucos tudo ia se desenvolvendo em sua sala de aula. Ela sabia como estabelecer um vínculo afetuoso e próximo, mas firme e seguro com cada um, para que explorassem ao máximo cada tarefa educativa.
 
Assim também devemos assumir nosso papel de mãe ao acompanhar o desenvolvimento da Aprendizagem de nossos filhos: ser uma mestra em encantar, em conduzir, a cada momento, a criança e sentir, pensar e aprender. Devemos - como mães e educadoras - lançar mão de nossas lembranças de infância, de como fomos construindo nossa aprendizagem e assim deixarmos em nossos filhos nossa marca afetiva que será lembrada a cada caderno terminado, cada desenho colorido e cada Saber conquistado!
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