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Publicado: Segunda-feira, 21 de abril de 2008

Machado de Assis

Tradicionalmente, em tempos outros, a palavra imprensa concebia o sentido da comunicação escrita, pura e simples, a dos jornais especificamente. A evolução dos meios de informação e contato levou esse vocábulo – imprensa – a uma extensão mais abrangente, para compor-se com ela, além do sentido costumeiro de imprensa nela implícito, o original, também a dita imprensa falada e escrita. Logo em seguida, a imprensa televisionada.
 
Tão revolucionário e veloz o desenvolvimento dos recursos de contato do mundo consigo mesmo – a informática que o diga – a ponto de, pela via da importação do idioma inglês, surgir e dominar todos os textos, a palavra mídia. Com ela, ora dominante, se enfeixam quantos meios de divulgação estejam por aí ou venham a ser criados.
 
A confortável oferta a todo interessado da imagem pronta e acabada, em super colorido, faz-lhe ganhar tempo e na seqüência principalmente de um filme, inebriar-se de tanta beleza e maravilha da técnica. Mas tem uma diferença: traz o quadro pronto e acabado, feito por terceiro. Como se fora o “pf” tão comum - prato feito – das casas que vendem alimentação de consumo ligeiro, como a comida a peso e mesmo, às vezes, em alguns restaurantes mais simples, certas lanchonetes até. O cidadão não compõe nada. Assim, na mídia, se deleita com imagem, cuja produção mais esmerada ganha prêmios em festivais. Louva-se então a criatividade dos autores. O homem, o receptor, pacífico e tranqüilo, só assiste.
 
Entretanto. E aí vem o entretanto.
 
Exceção feita à imprensa, a original, aquela de outrora, que hoje se designa em apartado como imprensa escrita, essa nunca vai ser superada.
 
Acontece aqui e se constata ao inequívoco até, tão aferrada é essa verdade, que nada consegue por em movimentação e busca maiores do que os textos escritos. O leitor após conhecer o texto em si, dá-lhe acréscimos na imaginação, compõe cenários, tece detalhes, imagina locais onde nunca esteve ou mesmo como seriam aqueles de mera ficção. O leitor vai além do que está impresso e o autor como que lhe sai na frente e pede que ele venha atrás e componha os pormenores do caminho que vai sendo palmilhado.
 
Tudo isto se falou aqui para dizer das excelências da leitura e da vibração e do enriquecimento de quem se empolga com ela. Tudo isto a propósito dos preparativos de uma festiva comemoração em grande estilo do centenário da morte do maior dos escritores brasileiros, Machado de Assis. Natural e conseqüentemente, em promoção a cargo da ACADIL – Academia Ituana de Letras.
 
Joaquim Maria Machado de Assis.
 
Nascido no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839 e, até porque nunca saiu da cidade berço, ali falecido aos 29 dias do mês de setembro de 1908.
 
Deve ocorrer a todos os seus leitores. Em qualquer dos livros dele – só de romances são nove – quando se compulsam as últimas 20, 15 páginas, é-se tomado de saudade ou nostalgia, antes mesmo do fim. Porque aquele texto suave, a maneira única de se expressar que caracteriza Machado, vai acabar. Não apenas uma vez, esses fechos de romances foram retomados e repassados. E, em Machado, repita-se, pelo colorido que não se vê mas se cria instintivamente, móveis, salas, gabinetes, canetas e papéis, personagens, rostos, formas de braços, modo de andar, após o auxílio do autor, os leitores compartilham da narração, inserem-se no elenco e dele compartilham.
Noutra oportunidade, se farão referências mais explícitas àquele que foi fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. E, da mesma forma, serão divulgados também nesta coluna, os itens da comemoração dos cem anos de alguém tão importante, que se foi, mas ficou.
 

Está vivo para aqueles que amam a boa leitura.

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