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Publicado: Domingo, 23 de setembro de 2007

Lombardi, é com você, Lombardi!

Lombardi, é com você, Lombardi!
Chamou, patrão?
- Chamei. É claro que chamei. Chamei merrrrrmo. Vem pra cá, vem pra cá. Tenho um assunto muito sério pra tratar com você, Lombardi. Você sabe, a situação está difícil...
- Sei, sei patrão. É só a audiência cair um pouco que você já quer mandar todo mundo embora. Chegou a minha vez, fazer o quê. Já vi esse filme antes aqui na emissora.
- Pois é, mas eu não vi o filme. Eu não vi o filme mas o filme é muito bom. As minhas filhas de um a cinco...
- Tá, tá, tá... já sei, já sei.
- Não é nada disso, Lombardi. Ha hai, hi hi! Errou feio. Quebrou a cara. Ponto pras mulheres!!
- Anda logo, Silvio, pula essa parte.
- Mas você só tem mais dois pulos...
- Ai, meu Deus, vai logo!
- Tá bom, tá bom. Vamos ao que interessa. Você está comigo desde que o Silvio é Silvio. Desde os tempos da banquinha de canetas na Praça da República. Desde mil novecentos e Aracy de Almeida. Desde...
- Sim, mas e daí?
- São décadas de mistério, Lombardi. Ninguém sabe quem é você. Chegou a hora de ir pra frente das câmeras, mostrar quem é o dono da voz. Já imaginou? Sua aparição vai dar 90 de ibope. E então? Topa ou não topa?
- Mas quanto é que eu levo nisso?
- Meio milhão de reais, em barras de ouro. É dinheiro ou não é?
- É.
- Mais alto, mais alto, é dinheiro ou não é?
- É, cacete, é. Agora chega de gracinha, Silvio. Chama o Abravanel aí, vai. Você disse que queria conversar sério.
- Então, depois que você aparecer na TV e sair em todas as capas de revista, vamos criar uma atração pra competir com o quadro do chapéu, do Raul Gil. “O Lombardi é coisa nossa”, que tal?
- E qual seria o público?
- Senhoras e senhores, moças e rapazes, meninos e meninas. Pois é, e além do programa semanal você continua de hora em hora com o resultado parcial da Telesena.
- Humm...
- Durante a semana podemos estudar um talk-show. Estou mexendo na grade pra encaixar você. Talvez entre o remake do “Carrossel” e a reprise da “Chispita”. Ou aos domingos, entre o “Qual é a Música” e o “Pião da Casa Própria”. Agora, imagina só o que vem na esteira disso: O álbum de figurinhas do Lombardi, o biscoito de polvilho do Lombardi, o Lombardinho da Estrela... e a própria esteira do Lombardi. Ha Hai. Bem bolado, bem bolado.
- Calma, patrão, eu tenho que pensar.
- Tempo! (tic-tac de relógio)
- O problema, Silvio, é que eu não sei se vai ser bom pra minha imagem.
- Mas que imagem, Lombardi? Você nunca apareceu. Não tem nada a perder, tá me ouvindo?
- Vai acabar o mito, o locutor que nunca ninguém viu o rosto, entende? Tudo por causa de uns pontos de audiência...
- Se você fizer mais pontos, você ganha. Se você fizer menos pontos, eu não mando você embora. Combinado? E então, pára ou continua?
- Não tem jeito mesmo. Não dá pra falar sério com você.
- Lombardi, o que é isso, Lombardi? Guarda esse revólver! Sai pra lá, sai pra lá, volta lá pro seu lugar, oi...
- Tem uma câmera escondida aqui, patrão. Vou gravar tudo e botar no ar em rede nacional. A audiência vai ser estrondosa.
- Roque!!!
- Do mundo não se leva nada. Vamos sorrir e cantar, Silvio.
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