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Publicado: Segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Lidando com as aparências

É incrível como certas coisas, por mais antigas que possam ser consideradas, continuam tão válidas no mundo moderno. O duelo entre o “ser” e o “aparentar” sempre esteve presente na história da humanidade. Praticamente todos os povos tiveram que lidar com essa realidade.

Era assim entre os judeus há mais de dois mil anos. E ainda continua assim entre nós. A filosofia do mundo ensina nossas crianças, desde muito pequeninas, que importa mais a imagem exterior do que os sentimentos interiores. Jovens crescem pensando ser mais importante uma aparência dentro dos padrões da moda do que gestos que realmente revelem aos outros o que são por dentro. Adultos de todas as idades vivem em um clima de disputa incessante, gastando suas energias com o objetivo de se mostrarem para a sociedade do jeito que desejam.

Quem vive conforme as leis de Deus, tem um compromisso com a verdade. Não pode viver de aparências aquele que segue os caminhos de Jesus. E isso porque viver de aparências é a mesma coisa que mentir. Uma mentira dupla, porque se engana aos outros e a si mesmo. Viver de aparências é não ser sincero consigo mesmo. É lutar para que pensem que sou aquilo que não sou. Enfim, é viver uma grande mentira simplesmente por vaidade ou por orgulho.

“As aparências enganam”, afirma o ditado popular. E enganam mesmo. Sobretudo em nossos tempos, onde “nem tudo que reluz é ouro” e que muita coisa “parece, mas não é”. E como saber o que é verdadeiro e falso? Como discernir o ouro da bijuteria? Como saber quem é sincero ou não? Uma boa dica é observar os gestos, os comportamentos, as ações. Cristo já afirmava que seria pelos frutos que poderíamos reconhecer quem fosse seu discípulo. Pois de uma árvore boa, só podem nascer bons frutos. E de uma pessoa ruim, resultam inúmeras obras más.

Tem gente que vive por aí, 100% em dia com a aparência. Veste roupas boas, vive elegante. Calça os melhores sapatos, de couro nem sei de onde. Adora sair nas fotos dos jornais e colocar o nome em tudo o que parece bonito. Gosta de ser bem tratado, bajulado e enaltecido. Está sempre sentado nas primeiras fileiras, com o objetivo de ser visto por todos. Vive afirmando que come os melhores pratos, toma as melhores bebidas, freqüenta os melhores lugares. Acha bonito vangloriar-se, como se isso levasse a algum lugar.

Na verdade esse tipo não percebe que pode tentar enganar a todos, mas nunca poderá esconder-se de Deus. Terá que prestar contas ao Criador por tudo o que fez a fim de sustentar as aparências, muitas vezes pisando em cima dos mais fracos e tirando vantagens dos mais humildes. Quando acabar o sopro de vida e a cortina desta realidade cair, restará uma única e eterna verdade. E ai de quem nunca a viveu realmente.

Os pobres (de espírito ou em bens) são muito mais felizes, pois vivem aquilo que são e não perdem tempo com ilusões mundanas. Não se preocupam com ostentações diante da sociedade, pois sua grande preocupação é viver conforme as leis de Deus. Suas obras não são noticiadas nas primeiras páginas dos jornais, mas o Pai sabe de todos os bons frutos gerados através de suas mãos.

Aprendi logo cedo uma lição da vida: o que mais vale é empreender tempo e energias a fim de tentar melhorar-se a cada dia, podendo mostrar-se aos outros com virtudes e defeitos. É melhor isso do que gastar a vida com fingimentos, criando máscaras e papéis para ser o que não somos. Ser você mesmo até pode não parecer tão bonito aos olhos de todos, principalmente por causa das falhas que cada um de nós tem e sempre terá. Mas certamente é mais verdadeiro e mais sincero: com Deus, consigo mesmo e com os outros.

Amém.

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