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Publicado: Terça-feira, 5 de julho de 2011

Lição de casa no Brasil

Temos no Brasil hoje quatro tipos de escola.

A primeira é a escola caríssima, onde estudam os filhos de ricos. Ricos mesmo. Esses alunos têm tudo, inclusive o respeito a sua individualidade e personalidade.

A segunda são as escolas particulares “meia boca”, mais baratas e tão ruins quanto as escolas públicas de excelência. Pagam mal seus professores e não exigem muito deles. Só o básico. Esses professores sobrecarregam os alunos de lição de casa e trabalhos sem fim, assim compensam a falta da escola. Os pais se conformam.

A terceira é a escola pública tida como escola de excelência. Os pais então também se conformam e pagam professores particulares e cursinhos extras para ensinar as lições de casa que o seu filho não aprendeu na sala de aula.

Tanto a escola particular meia boca quanto a escola pública de excelência ministram provas dificílimas e reprovam aluno. Ficam com fama de escola “forte”.

Tem a pior, a quarta: a escola de periferia. Lá os alunos só contam com a escola. Aí estão perdidos mesmo.

Escola “ruim” e “fraca” de periferia é onde a Ronda Escolar se torna mais presente. Falta professor e sobra polícia.

Quando os professores cobram participação dos pais, estão querendo repassar para os pais a responsabilidade deles. Todo mundo aceita quietinho.

Então essa onda que veio dos EUA questionando o porquê da lição de casa, nós questionamos sempre. “A onda anti-lição de casa que ganha força na rede pública dos Estados Unidos é liderada pelos pais.

Eles afirmam que seus filhos estão sobrecarregados com mais de duas horas de lição de casa por dia, depois de passar sete horas na escola e ainda cumprir atividades extracurriculares, como esportes ou trabalho voluntário.

Os pais afirmam ainda que tanta lição de casa não ajuda a aprender mais. Ao contrário. O excesso prejudicaria o desempenho, principalmente dos mais novos.”

Pesquisas científicas sustentam a bandeira do movimento. “Especialmente entre os alunos menores, não há relação entre fazer lição de casa e aprender melhor o conteúdo ensinado”, diz Harris Cooper, professor da Universidade Duke, na Carolina do Norte, e o maior estudioso do assunto nos EUA.

Em 1998, na Campanha da Fraternidade aqui no Brasil, um folheto já dizia que a escola que não queremos é a que responsabiliza a família pelo seu fracasso.

E essa é a escola que temos.

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