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Publicado: Quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Las Vegas: entre o lazer e o trabalho

Qual a principal razão que leva as pessoas visitarem Las Vegas? Para quem apostou em jogo de azar está na hora de sintonizar com os novos tempos. Saiba que apenas 13% dos 36 milhões de turistas, 86% deles cidadãos norte-americanos, vão lá com a meta exclusiva de frequentar os cassinos. É bem verdade que uma vez no local, oito em cada dez não resistem a tentar a fortuna. No entanto este número está se reduzindo ano a ano, tanto em valor gasto (US$ 480 em média por pessoa) como em presença nos cassinos (até 3 horas por dia).

Este é o resultado de uma bem estruturada campanha de marketing que nos últimos anos alterou a percepção pública do que fazer em Las Vegas. Uma mágica que deu certo, pois, no fundo, o lugar está situado no meio do infernal calor desértico do estado americano de Nevada.

Antes apenas lembrada pelos seus cassinos e glamurizada por Hollywood, a cidade tornou-se pouco a pouco a "capital do entretenimento". Basta dizer que hoje cerca de 4,5 milhões de pessoas vão lá só para participar de 19 mil reuniões, convenções, programas de incentivo, e encontros de negócios - um segmento tão importante que emprega 250 mil profissionais no apoio logístico.

A gigantesca estrutura hoteleira de Las Vegas, formada por 148 mil quartos, mantém uma taxa de ocupação de 85%, bem superior à média de 55% do resto dos Estados Unidos. Ou seja, se uma empresa não se planejar com antecedência não encontra espaço para realizar seus eventos. Mas quem vai não se arrepende diante da capacidade de acomodar todo tipo de encontro, seja para dez ou 100 mil pessoas. Sem exagero. No primeiro trimestre de 2011 o Centro de Convenções de Las Vegas deve receber mais de 100 mil delegados para o Consumer Electronics Show, o maior evento de eletrônicos do mundo. Poucos dias depois, será seguido pelo Shooting, Hunting, & Outdoor Trade Show, World of Concrete Expo e World Market Center's Winter Market, cada um desse eventos com a expectativa de receber 50 mil pessoas.

Em média, quatro em cada dez turistas em Las Vegas - metade em visita pela primeira vez - pensa apenas em se divertir nos shows, pois o calendário de atrações conta sempre com artistas de primeira linha. Qual outra cidade do mundo consegue manter simultaneamente nove espetáculos do Cirque de Soleil? Há ainda de tigres e mágica a passeios de gôndola em uma Veneza simulada, mas com ar condicionado e águas limpas. Ou outlets para compras baratas e parques de diversão. Sem falar no ecoturismo no vizinho Grand Canyon, com possibilidade de caminhar sobre o Skywalk - uma plataforma de vidro transparente instalada sobre um precipício. Tem também visitas à represa Hoover ou ao lago Mead.

Para quem não busca marola, uma simples caminhada pelos hotéis mais importantes permite observar verdadeiros monumentos ao kitsch, uma divertida prova viva de que a combinação de muito dinheiro e cafonice ao extremo é capaz de produzir, algo que os americanos preferem classificar como "extravagância". Somem-se ainda à listas dos forasteiros, 10% dos que chegam para rever amigos e parentes, pois a cidade tem 600 mil habitantes, em um total de 2 milhões se contar a área metropolitana. Há ainda a destacar um grupo de 3% de visitantes, mas não menos importante para a fama da cidade: querem apenas casar. 

*Texto publicado também na coluna "Viagens de negócio" no dia 23 de dezembro, no Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo.

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