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Publicado: Quarta-feira, 22 de março de 2017

LA PIETÁ E MICHELANGELO

LA PIETÁ E MICHELANGELO

Michelangelo esculpiu duas ou três Pietá. Uma, encontra-se em São Pedro, no Vaticano, e é de uma perfeição incrível. O rosto da Virgem, as dobras de seu manto, o rosto de Cristo, rosto de um Deus que nunca sofreu, o mais belo homem que se possa imaginar. Michelangelo trabalhou até o último detalhe dessa estátua incrivelmente bela.

Há outra Pietà em Florença; nela se vê o rosto de José de Arimatéia surgindo do mármore. Mas o grande escultor não pôde acabar essa obra. O rosto de Cristo é quase irreconhecível: esse trabalho, realmente, ficou inacabado: é rude. Mas, em Florença, diante dessa Pietà, me perguntei:

Qual é a mais bela, a acabada ou a inacabada? Até agora não encontrei a resposta, mas o que sei é que, se Michelangelo tivesse tido tempo, ele teria feito a Pietà de Florença como a de Roma... perfeita.

O casamento que recebeu as graças do sacramento do matrimônio, é a Pietà de Florença (sempre em construção) que tem um encanto extraordinário. Assim também, existem bons casais, mesmo nas partes do mundo em que o cristianismo jamais chegou. Mas sei que, se lhes mostrássemos a Pietà de Roma, eles diriam:

“Gostaríamos de nos tornar igual a ela”.

Portanto, eu digo que existe beleza na “espiritualidade”. Tomemos aqui, por exemplo, casais que não praticam a religião, que não são batizados ou que apenas acreditam em alguma coisa. Não posso falar que o que eles vivem é negativo, mas eu penso:  “é a Pietâ de Florença”. Já, quando falo de um casamento cristão, penso “na Pietà de Roma”, pois acredito que, no interior da Pietà de Florença, há um dinamismo que não foi desenvolvido. Se esse dinamismo pudesse se desenvolver, chegaríamos ao casamento cristão.

Em resumo: o casamento cristão é o acabamento de um esboço que Deus criou no casamento não cristão.

Vocês sabem como é difícil falar de duas coisas tão belas e como é errado dizer que uma é puro pecado e que a outra é a graça pura. Há muitas coisas a considerar...

 

“Amor é fogo que arde sem se ver;

  É ferida que dói e não se sente...”

Camões – poeta português

 

 

Ditinha Schanoski 

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